Imagine que você foi a uma festa, show, bar com música ao vivo ou até mesmo a um festival, e ficou exposto a sons intensos por longo período. Ao chegar em casa, você percebe um zumbido no ouvido, que causa preocupação, mas que desaparece após algumas horas.
Para quem trabalha em ambientes com ruídos altos e constantes, como restaurantes, bares, obras e fábricas, essa situação é uma realidade bastante comum. Mas você sabe o que causa esse desconforto?
Ao longo deste texto, vamos falar sobre a importância dos cuidados com a audição, as causas dos zumbidos e quando se preocupar, além de explorar os estágios da deficiência auditiva e como o acompanhamento médico frequente pode ser um aliado na preservação da audição.
Perda auditiva, dificuldade auditiva e surdez
Hoje, mais de 1,5 bilhão de pessoas no mundo convivem com algum grau de perda auditiva, segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). A projeção é de que esses números cresçam e alcancem a marca de 2,5 bilhões de pessoas até 2050, tornando essa condição um dos grandes desafios para os próximos anos.
No Brasil, estudo realizado pelo Instituto Locomotiva e pela Semana de Acessibilidade Surda revela que 10,7 milhões de pessoas convivem com a deficiência auditiva.
A perda auditiva afeta a capacidade de uma pessoa perceber sons em pelo menos um dos ouvidos e é classificada de acordo com a intensidade e os decibéis percebidos (dB): leve, moderada, acentuada, severa e profunda.
- Audição normal: pessoa consegue captar sons com limiares de 20 dB em ambos os ouvidos.
- Perda auditiva leve: a pessoa é capaz de escutar dos 25 a 40 dB e tem dificuldades para entender o que outras pessoas estão falando.
- Perda auditiva moderada: aqui, são percebidos entre 41 e 55 dB. Conversas em grupo são mais difíceis de serem escutadas.
- Perda auditiva acentuada: neste caso, a pessoa escuta de 56 a 71 dB, ou seja, apenas ruídos fortes e altos, e surge a necessidade de um aparelho ou prótese auditiva.
- Perda auditiva severa: são ouvidos apenas sons a partir de 71 dB e chegando aos 90 dB.
- Perda auditiva profunda: só percebe sons a partir de 91 dB, o que significa que consegue escutar muito pouco ou nada.
A partir dos níveis de profundidade da perda auditiva, é possível determinar se uma pessoa é deficiente auditiva ou surda.
Pessoas surdas apresentam perda auditiva profunda e geralmente usam a língua de sinais para se comunicar. Já aquelas com perda auditiva de leve à severa, ou seja, que ainda preservam parte da audição, tendem a se comunicar pela linguagem falada e podem se beneficiar de aparelhos auditivos e recursos de acessibilidade, como legendas.
Causas da perda auditiva
Ao contrário do que muitos pensam, a perda auditiva ocorre por vários motivos e não apenas pelo envelhecimento. Fatores genéticos e ambientais afetam a diminuição parcial ou total da capacidade de ouvir em qualquer idade. Confira quais são eles:
- exposição constante a ruídos muito altos;
- uso frequente de fones de ouvido e em volume muito alto;
- infecções no ouvido ao longo da vida;
- doenças congênitas;
- doenças autoimunes.;
- uso de remédios ototóxicos;
- idade avançada.
Fones de ouvido e o aumento da perda de audição
Um dos principais vilões da audição, principalmente entre adolescentes e jovens adultos, é o uso inadequado de fones de ouvido.
A OMS estima que 1,1 bilhão de jovens podem sofrer perda auditiva causada por superexposição sonora. Ainda segundo a Organização, 50% deles correm o risco de perder a audição pelo uso prolongado de fones de ouvido e em volumes elevados.
Em casos como esse, o comprometimento da capacidade auditiva é gradual, quase nunca abrupta, e tende a ser bilateral. Pode levar tempo até que o indivíduo perceba que está com mais dificuldades para ouvir, seja uma conversa, a televisão, seja o áudio no celular, por exemplo.
Para evitar a perda auditiva adquirida, é essencial adotar algumas medidas preventivas como redução do tempo de exposição aos ruídos sonoros e uso controlado não só de fones de ouvido, mas também da intensidade do volume. Caso trabalhe em ambientes com muito ruído, adote o uso de protetores auriculares; não fique próximo(a) a caixas de som e alto-falantes em show, eventos esportivos, academias, boates e festivais, e se mantenha afastado(a) em caso de comemorações com fogos de artifício.
O uso de fones de ouvidos ajustados e com cancelamento de ruído também é recomendado já que eles retêm melhor o som, impedindo que ele se disperse, e assim não há necessidade de colocar um volume muito alto.
Dispositivos eletrônicos também permitem que você os configure para limitar o volume até determinada intensidade – o recomendado é que fique até a metade ou pouco acima disso.
Nível de ruído dB(A) | Limite de exposição diária aconselhável |
---|---|
85 | 8 Horas |
86 | 7 Horas |
87 | 6 Horas |
88 | 5 Horas |
89 | 4 Horas |
100 | 1 Hora |
110 | 15 Minutos |
Zumbido no ouvido é sinal de perigo?
Um dos sintomas mais comuns da perda de audição é o zumbido no ouvido, aquela sensação de ouvir um som contínuo mesmo sem fontes sonoras por perto.
Mas será que ele sempre é sinal de alterações significativas na audição? Tudo depende da intensidade e da duração..
Depois de shows e eventos cujo ambiente apresentava sons altos, ou até mesmo após o uso de fones de ouvido com volume intenso, é normal. Ele aparece como resultado da agressão sofrida pelas células do ouvido interno, causada pela exposição ao volume elevado, e tende a ser temporário graças à recuperação das células e normalização de seu funcionamento.
Caso o zumbido persista ou aumente, associado a sintomas como perda auditiva e sensação de ouvido tapado, dificuldade de concentração e/ou para dormir, cabe a um médico avaliar a extensão e a seriedade da lesão para apontar se o quadro é temporário e passível de tratamento ou permanente.
Além de sons externos, outros fatores podem levar ao zumbido no ouvido:
- excesso de cera, infecções e lesões;
- desvios de coluna;
- alterações cardiovasculares;
- diabetes;
- disfunções da articulação da mandíbula;
- consumo excessivo de cafeína, álcool e tabaco.
Quais os sintomas de perda auditiva?
Fique atento aos sinais mais comuns de perda aditiva.
- Incômodo ou dificuldade para compreender conversas.
- Falar mais alto, mesmo que de forma involuntária.
- Aumentar constantemente o volume de televisões, celulares e demais dispositivos como fones de ouvido e headphones.
- Zumbido no ouvido.
- Isolamento social.
Como preservar a sua saúde auditiva
Se você quer preservar a sua saúde, temos recomendações de cuidados com a sua audição. Confira!
- Evite a exposição a volumes e ruídos altos.
- Em crianças, realize o teste da orelhinha logo após o nascimento ou no início da alfabetização da criança.
- Não abuse dos fones de ouvido: faça uso consciente de horas, com nível de volume confortável para os seus ouvidos.
- Mantenha os ouvidos secos e, se possível, use tampões para atividades aquáticas.
- Faça o tratamento adequado de infecções e viroses, com acompanhamento médico.
- Evite o uso de hastes flexíveis para limpar o interior do ouvido. A cera é essencial para a proteção do seu canal auditivo contra fungos e bactérias. Em caso de acúmulo de cerume, o processo de lavagem deve ser feito por um médico.
- Faça visitas frequentes a um otorrinolaringologista para acompanhar a sua saúde auditiva.
Em um mundo tão barulhento, os cuidados com a audição se fazem cada vez mais presentes. E, como visto aqui, muitos casos de perda auditiva podem ser evitados se medidas forem adotadas.