Depressão pós-parto: sintomas e como buscar ajuda para superar

Entenda as causas, os sintomas, os tratamentos e como ajudar uma mãe em depressão pós-parto.

Publicado por Juliana Brito

25 de outubro de 2023

A depressão pós-parto é uma condição de saúde mental, caracterizada por sentimentos de tristeza, culpa, desamparo e ansiedade, que pode acometer mulheres após o nascimento do bebê.

Estudo da Fundação Oswaldo Cruz apontou que aproximadamente uma em cada quatro mães brasileiras apresenta sintomas de depressão pós-parto no período de seis a 18 meses após o nascimento do bebê.

Tratar a depressão pós-parto com acompanhamento médico é de extrema importância, pois os impactos da depressão não se limitam somente à mãe, mas também afetam o bem-estar da criança e de toda a família.

A maternidade é um período de transformações físicas e emocionais intensas e notórias. A depressão pós-parto surge como uma sombra pairando sobre essa experiência, em contraste com a celebração e a alegria às quais é associada. Como tudo que costuma envolver a saúde, superar a depressão pós-parto é uma tarefa que começa com informação.

 

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Depressão pós-parto ou baby blues? Conheça as principais diferenças

Tanto a depressão pós-parto quanto o baby blues são condições emocionais que podem afetar mulheres após o parto. Elas têm características distintas em termos de causas, duração e gravidade. Confira as principais diferenças entre depressão pós-parto e baby blues.

 

Causas: a depressão pós-parto tem várias origens possíveis, incluindo fatores hormonais, genéticos, psicológicos, sociais e de relacionamento. Ou seja, é uma condição médica que requer tratamento profissional, a começar pelo seu diagnóstico. Já o baby blues costuma ser causado principalmente por flutuações hormonais e o estresse da adaptação à maternidade. 

Duração: a depressão pós-parto é mais persistente e seus sintomas podem durar semanas, meses ou até mais de um ano após o parto, caso não sejam tratados. Já baby blues é uma condição temporária que geralmente ocorre nos primeiros dias ou semanas após o parto e tende a desaparecer por conta própria em algumas semanas.

Gravidade: os sintomas da depressão pós-parto incluem sentimentos intensos de tristeza, desespero, inadequação, fadiga extrema, problemas de sono e apetite, dificuldade em cuidar do bebê, perda de interesse em atividades outrora prazerosas e até mesmo alucinações e pensamentos suicidas, no caso extremo da psicose pós-parto. Já os sintomas do baby blues costumam ser mais leves e podem incluir tristeza, nervosismo, irritabilidade, ansiedade, alterações de humor, preocupação excessiva com a saúde do bebê, dificuldade de se concentrar, cansaço, dificuldade para dormir e choro fácil ou sem motivo.

A depressão pós-parto é, portanto, uma condição mais grave e duradoura, podendo exigir tratamento médico e afetar significativamente a saúde emocional e o bem-estar da mãe. Já o baby blues é uma reação emocional comum e temporária que acontece logo após o parto e é geralmente leve em termos de duração e sintomas. Cabe frisar que o baby blues pode evoluir para a depressão pós-parto caso não seja tratado adequadamente.

O diagnóstico da depressão pós-parto é feito com base na avaliação clínica de um profissional de saúde mental, que pode incluir a observação dos sintomas e a realização de entrevistas.

O tratamento geralmente envolve a combinação de terapia psicológica, como a terapia cognitivo-comportamental, e, em alguns casos, medicamentos antidepressivos. O suporte social e o envolvimento da família também são componentes importantes do tratamento.

 

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O que causa a depressão pós-parto?

A depressão pós-parto não tem causa exata conhecida. A condição é uma combinação de fatores que podem ser biológicos, psicológicos e sociais. Aqui estão alguns dos motivos que podem contribuir para a depressão pós-parto.

Hormônios: ocorrem alterações hormonais significativas durante a gravidez e o parto. A rápida queda nos níveis de estrogênio e progesterona após o nascimento do bebê pode afetar o equilíbrio químico no cérebro, contribuindo para os sintomas depressivos.

Fatores genéticos: a predisposição genética desempenha papel importante na suscetibilidade à depressão, incluindo a depressão pós-parto. Se a mulher tem parentes próximos, como a mãe ou a irmã, que tiveram histórico de depressão pós-parto, ela pode estar em maior risco.

Fatores psicológicos: a gravidez e o parto são eventos emocionalmente desafiadores e podem desencadear estresse, ansiedade e preocupações. As expectativas não atendidas em relação à maternidade, sentimentos de inadequação e a pressão para ser uma mãe perfeita tendem a aumentar o risco de depressão pós-parto.

Fatores sociais e de apoio: falta de apoio social, isolamento, problemas conjugais, dificuldades financeiras e falta de suporte emocional após o nascimento do bebê podem intensificar o risco de depressão pós-parto. Ter uma rede de apoio sólida é fundamental para a saúde mental das mães.

Histórico de saúde mental: mulheres com histórico de depressão, ansiedade ou outros distúrbios de saúde mental têm maior probabilidade de desenvolver depressão pós-parto. Também é essencial considerar o histórico de depressão durante a gravidez, pois pode aumentar o risco após o parto.

Complicações durante a gravidez ou o parto: complicações médicas durante a gravidez, parto traumático, violência obstétrica e experiências negativas de parto ou problemas de saúde do bebê podem ampliar o estresse e a ansiedade, contribuindo para a depressão pós-parto.

Falta de sono: a privação de sono é comum após o nascimento de um bebê, o que pode afetar negativamente o bem-estar emocional da mãe.

Pressão cultural e expectativas sociais: a sociedade muitas vezes coloca pressão nas mães para que sejam perfeitas em todos os aspectos, agravando o estresse e sentimentos de inadequação.

É importante notar que a depressão pós-parto não é culpa da mãe e pode afetar qualquer mulher, independentemente de sua idade, raça, classe social ou status socioeconômico.

O tratamento – que pode incluir terapia, medicamentos ou uma combinação de ambos – é essencial para ajudar as mulheres a superar a depressão pós-parto e melhorar sua qualidade de vida, bem como o relacionamento com o bebê. Além disso, o apoio de familiares e profissionais de saúde desempenha papel fundamental na recuperação.

 

Quais são os sintomas da depressão pós-parto?

A depressão pós-parto pode apresentar muitos sintomas, que, por sua vez, também podem variar de intensidade e gravidade. Tais indícios costumam surgir nos primeiros meses após o parto, mas também podem aparecer mais adiante. É importante reconhecer esses sinais para buscar ajuda adequada. Veja os traços comuns da depressão pós-parto abaixo.

Tristeza profunda: característica marcante da depressão pós-parto é a tristeza profunda e persistente que vai além do baby blues, comum após o nascimento do bebê: as mães muitas vezes se sentem tristes o tempo todo, independentemente das circunstâncias.

Sentimentos de desespero e desamparo: essas mães podem acreditar erroneamente que não são capazes de cuidar de seus bebês ou que suas vidas nunca mais serão felizes.

Fadiga e cansaço extremo: a fadiga é uma característica comum da maternidade, mas a depressão pós-parto pode intensificar esse cansaço a níveis insuportáveis. A mãe, mesmo após um bom descanso, sente-se exausta, o que dificulta o cumprimento das tarefas diárias.

Alterações no sono e no apetite: a mãe pode ter dificuldade em dormir, mesmo quando o bebê está descansando, ou pode comer excessivamente ou, pelo contrário, perder o apetite.

Dificuldade de concentração: a chegada de um novo bebê frequentemente resulta em privação de sono para a mãe. A exaustão pode prejudicar a memória e a capacidade de concentração, tornando tarefas simples, como leitura ou resolução de problemas, desafiadoras.

Isolamento social: as mulheres nessa condição se isolam socialmente. Elas podem evitar amigos e familiares, o que pode piorar ainda mais a sua sensação de solidão e tristeza.

Irritabilidade e ansiedade: além da tristeza, a depressão pós-parto também pode manifestar-se como irritabilidade extrema e ansiedade. A mãe pode se sentir constantemente nervosa, preocupada ou em pânico.

Sentimento de culpa, inadequação e autocondenação: muitas mulheres com depressão pós-parto podem se culpar por não estar à altura das expectativas, por não sentir o amor que esperavam pelo bebê e por não conseguir lidar com os próprios sentimentos.

Pensamentos intrusivos: algumas mulheres com depressão pós-parto podem ter pensamentos perturbadores, como os de prejudicar o bebê ou a si mesmas. É importante notar que esses pensamentos são sintomas da doença e não indicativos de intenções reais.

Perda de interesse em atividades anteriores: as mães podem se sentir incapazes de encontrar alegria nas coisas que gostava antes da gravidez.

Dificuldade em se conectar com o bebê: isso não significa necessariamente que a mãe não se importa com a criança, mas que a depressão está afetando sua capacidade de sentir emoções positivas.

 

É relevante notar que a depressão pós-parto pode se manifestar de maneira diferente em cada mulher, e os sintomas podem variar em intensidade. Além disso, a presença de indícios não significa necessariamente que a mãe não ama ou se preocupa com seu bebê. A depressão pós-parto é uma condição médica tratável, e buscar ajuda é fundamental para a recuperação.

 

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Como prevenir e tratar a depressão pós-parto?

 A prevenção da depressão pós-parto não garante que ela seja evitada por completo. No entanto, é uma preocupação importante tanto para mulheres grávidas ou que desejam engravidar quanto para profissionais de saúde. A seguir, algumas estratégias que podem ajudar a reduzir o risco e promover a saúde mental durante o período pós-parto:

 

Buscar apoio social e emocional: criar uma rede de apoio sólida – com amigos, familiares e outras mães – e conversar sobre sentimentos e desafios com pessoas de confiança pode aliviar o estresse e a ansiedade.

Comunicação entre parceiros: manter uma comunicação aberta com o parceiro ou parceira para discutir preocupações, expectativas e responsabilidades como pais é fundamental, assim como o apoio mútuo.

Acompanhamento médico pré-natal: durante a gravidez, o acompanhamento médico regular é essencial para discutir preocupações de saúde mental. A identificação precoce de fatores de risco pode permitir intervenções oportunas.

Participar de grupos de apoio: grupos de apoio para mães pós-parto podem fornecer um espaço seguro para compartilhar experiências e obter suporte emocional de outras mulheres que estão passando por depressão pós-parto.

Manter um estilo de vida saudável: adotar e manter uma dieta equilibrada, fazer exercícios regularmente e dormir o suficiente sempre que possível pode ajudar a regular as emoções e reduzir o risco de depressão pós-parto bem como tratar dela.

Estabelecer expectativas realistas: aceitar que cometer erros faz parte do processo, evitar expectativas irreais sobre a maternidade, compreender que todas as mães e todos os pais enfrentam desafios e que não existe uma mãe “perfeita” afasta o risco de depressão pós-parto ou mesmo diminui seu impacto.

Planejamento prévio: planejar o máximo possível antes do parto, incluindo organizar cuidados para o bebê, arrumar a casa e fazer preparativos práticos para facilitar a transição para a maternidade, reduz os riscos de depressão pós-parto.

Atenção aos sintomas: conhecer os indícios da depressão pós-parto e manter a atenção neles ajuda a identificá-los com mais rapidez. Uma vez percebidos, é essencial buscar ajuda imediata. Quanto mais cedo for tratada, melhores são as chances de uma recuperação mais rápida e eficaz.

Evitar o isolamento: mesmo em períodos de cansaço e ocupação com o bebê, manter contato com amigos e familiares pode contribuir para diminuir o risco de depressão pós-parto.

Aceitar ajuda de amigos e familiares: delegar tarefas e compartilhar responsabilidades pode aliviar o estresse e a sobrecarga. A frase “toda ajuda é bem-vinda” faz todo o sentido no que diz respeito à prevenção e ao tratamento da depressão pós-parto.

Terapia preventiva: algumas mulheres com histórico de depressão ou fatores de risco podem se beneficiar da terapia preventiva, que envolve sessões de aconselhamento durante a gravidez ou logo após o parto.

Conversar com profissionais de saúde: se há preocupações com a depressão pós-parto, falar com médicos e psicólogos antes do parto pode favorecer a elaboração de um plano de prevenção personalizado.

 

A depressão pós-parto não é culpa da mãe e pode afetar qualquer pessoa, independentemente das precauções. Vale destacar que é uma condição médica tratável e que a mãe não está sozinha. Buscar ajuda profissional é imprescindível para superar a depressão pós-parto e recuperar o equilíbrio emocional e desfrutar plenamente a maternidade. Se você ou uma pessoa conhecida está em depressão pós-parto, procure ajuda médica e apoio emocional imediatamente.

Conte com a Omint para encontrar profissionais de qualidade em todo o planejamento, pré-natal e pós-parto. O Boa Hora é um programa que oferece esse acolhimento cheio de informação durante os períodos mais delicados para as mães, inclusive para apoio emocional no puerpério.

Nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas, o programa tem encontros presenciais entre gestante e profissionais capacitados, como enfermeiras. Nas demais regiões, o serviço é prestado virtualmente, o que não muda o principal objetivo, que é atender de forma personalizada às necessidades de cada mãe.

Para saber mais sobre o programa Boa Hora, entre em contato com a Central de Atendimento por meio do telefone 0800 726 4000, do chat ou pelo WhatsApp. O programa é sujeito à análise e aprovação prévia da equipe de gestão em saúde da Omint.

 

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