Novembro Azul e a saúde do homem

Além do câncer de próstata, outras condições também podem afetar a saúde do homem. Confira!

Publicado por Juliana Brito

14 de novembro de 2023

A campanha Novembro Azul incentiva a prevenção de doenças que afetam o público masculino, com foco no combate ao câncer de próstata. Para que você entenda um pouco melhor sobre as enfermidades mais comuns entre os homens, sintomas, tratamentos e quais exames devem estar em dia, conversamos com os urologistas credenciados Omint, Dr. Leonardo Borges e Dr. Cristovão Barbosa para que explicassem os principais pontos.

Neste artigo você vai conferir:

  • A saúde do homem no Brasil
  • Câncer de próstata: o que é, sintomas, fatores de risco, exame e tratamentos
  • Outros tipos de doença que podem afetar os homens
  • Quais exames são essenciais para o acompanhamento da saúde do homem?

A saúde do homem no Brasil

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, os homens no Brasil vivem em média 7 anos a menos do que as mulheres e apresentam maior incidência de certas condições, como problemas cardiovasculares e câncer de pulmão. Além dessas, entre outras doenças que afetam diretamente o sexo masculino estão o câncer de próstata, testículos e pênis.

Para auxiliar nos cuidados com a saúde masculina, o movimento Novembro Azul, criado em 2003 na Austrália, começou a ser também aplicado no Brasil por iniciativa do Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL), fundado em 2008.

Desde então, a campanha visa a incentivar que homens cuidem mais da própria saúde, procurando ajuda profissional e mantendo seus exames em dia.

Além disso, a campanha encoraja a prevenção a fim de quebrar o tabu do preconceito e promover mais informação para essas pessoas. Afinal, o câncer de próstata é altamente curável quando descoberto no início, chegando a 90% de chance.

Quando se fala apenas em números relacionados a esse tipo de câncer, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer – INCa, só no Brasil foram estimados cerca de 65.840 novos casos a cada ano de 2020 a 2022. Essa projeção nos diz que, a cada 100 mil homens, 62,95 casos podem aparecer nos próximos anos.

O número de mortes por câncer de próstata também é alto, chegando a 15 mil casos por ano. Também é considerado um câncer manifestado mais frequentemente em idosos, já que 75% dos casos mundiais aparecem em homens a partir dos 65 anos, e mais comum em países desenvolvidos do que em países em desenvolvimento, segundo dados do INCa.

 

Câncer de próstata: o que é, sintomas, fatores de risco, exame e tratamentos

A próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga, envolve a uretra e é responsável por parte da produção do sêmen. Assim como outros cânceres, o de próstata acontece pelo desenvolvimento desordenado de células, que formam massas improdutivas nos tecidos.

A suspeita da doença acontece quando há alteração dos valores de PSA, sigla em inglês para “antígeno prostático específico sérico”, além da identificação pelo exame de toque retal.

Quando identificado, pode-se diferenciar por alguns tipos. Veja a seguir.

Adenocarcinoma: são responsáveis por 95% dos casos e se desenvolvem a partir de células glandulares. Podem ser de baixo grau, grau intermediário ou alto grau.

Assim como as classificações sugerem, os adenocarcinomas de baixo grau possuem células muito parecidas com as células normais da próstata, sendo menos agressivas. Já os de alto grau, têm células muito diferenciadas da próstata normal, além de apresentarem alto poder de proliferação.

Para a classificação do tipo de adenocarcinoma, é utilizado o método chamado Escore de Gleason, que relaciona as alterações estruturais celulares com a forma que o tumor se comporta, facilitando o diagnóstico. Você pode conferir mais detalhes de como o método é utilizado aqui.

Tipos raros de câncer de próstata: os outros 5% dos casos são muito mais raros, identificados como carcinomas, sarcomas e linfomas.

Alguns desses tumores têm evolução rápida e podem se espalhar rapidamente para outras partes do corpo, enquanto outros podem apresentar desenvolvimento extremamente lento, levando cerca de aproximadamente 15 anos para chegar a 1 cm.

Não é possível prever qual tipo será desenvolvido ou pode se manifestar. Por isso, é importante que os exames preventivos estejam em dia. Porém, existem fatores de risco, como casos muito próximos na família, obesidade e outros agentes genéticos: homens negros têm maior taxa de incidência do câncer e devem procurar um médico a partir dos 45 anos, enquanto a recomendação geral é a partir dos 50.

 

Quais são os sintomas?


É importante reforçar que, por ser na maioria dos casos uma neoplasia de desenvolvimento lento, o correto é sempre manter os exames em dia, ainda que o homem esteja assintomático.

Uma condição que acontece com o avançar da idade é o aumento normal da próstata, chamado de hiperplasia prostática benigna, processo natural do corpo, mas que também pode causar dificuldade ao urinar.

“Um ponto importante sobre o câncer de próstata é que ele é assintomático na maioria das vezes. O que pode confundir os pacientes são sintomas decorrentes do crescimento benigno da próstata, como compressão do canal da uretra, acarretando dificuldade de esvaziar a bexiga, jato fraco ou emergência para ir ao banheiro, já o câncer de próstata geralmente não traz sintoma nenhum em estágios iniciais” explica o Dr. Cristovão.

Caso já esteja na fase avançada, pode provocar:

  • dor nos ossos, infecção urinária ou generalizada e insuficiência renal;
  • sangue presente na urina ou no sêmen;
  • fraqueza ou dormência nas pernas e nos pés.

Um fator importante a se destacar é que geralmente o câncer de próstata quando entra em metástase, atinge principalmente os ossos. Por isso a dor, mas não é regra.

 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do câncer de próstata é baseado em exames de sangue, identificando uma alteração dos níveis de antígeno prostático específico (PSA), aliado ao exame do toque retal.

A partir dos resultados, caso haja alguma suspeita, uma biópsia é necessária e somente a partir dessa última etapa o diagnóstico pode ser fechado.

Após o diagnóstico, o médico discutirá os tratamentos mais adequados para cada indivíduo, sempre levando em consideração os benefícios terapêuticos do tratamento, o estado de saúde do paciente e em qual estágio o câncer se encontra.

O câncer de próstata tem cerca de 90% de chance de cura quando descoberto no início. Por isso, existe a necessidade do diagnóstico precoce e do tratamento imediato.

Entre os tratamentos disponíveis, estão a conduta expectante em casos de estágios iniciais – caracterizada pelo acompanhamento menos intensivo –, cirurgia, radioterapia, criocirurgia, hormonioterapia, imunoterapia, quimioterapia já em casos mais avançados.

Os tratamentos geralmente são feitos de forma individualizada, podendo existir a combinação de dois ou mais tratamentos.

Para que a escolha seja feita, é levada em consideração a idade da pessoa, a probabilidade de cura e a expectativa do paciente em relação aos efeitos colaterais de cada tratamento.

Você confere outras informações relacionadas ao tratamento do câncer de próstata no site Oncoguia, clicando aqui.

 

Quais os profissionais que podem cuidar da saúde do homem?

É mais comum que venha à cabeça o urologista quando falamos da saúde do homem, mas, na verdade, podem existir outras especialidades, como o andrologista, que cuida da saúde reprodutiva e sexual do homem.

Além disso, não se pode esquecer de que outros profissionais devem ser visitados para o cuidado geral, como o cardiologista, por exemplo.

Seguem outras doenças que podem afetar os homens com mais frequência, por conta de genética ou comportamento.

 

Outros tipos de doenças que podem afetar os homens

Ainda que hoje existam mais campanhas de incentivo e a informação esteja mais acessível, a saúde do homem ainda é uma questão a ser discutida.

Muitas vezes eles não procuram ajuda adequada, não realizam exames preventivos ou se excedem no consumo de álcool e tabagismo.

Dados do Ministério da Saúde apontam que, no Brasil, os homens vivem em média 7,1 anos a menos que as mulheres justamente pelo comportamento muitas vezes inadequado quando se fala em cuidados com a saúde.

Olhando para essa realidade, em 2008 foi criada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), no qual o Ministério da Saúde, com a Sociedade Brasileira de Urologia, promove ações que contribuam para compreender a realidade masculina e seus diversos contextos socioculturais e político-econômicos.

Ainda assim, a população masculina necessita de atenção, pois muitas vezes o cuidado pode ser negligenciado devido a tabus sociais ou pela falta de procura por exames preventivos, fazendo com que essa demanda só ocorra quando o problema já está instalado.

 

Doenças cardiovasculares: são as principais causas de morte no Brasil. Essas doenças entre os homens, segundo dados da OMS, são a segunda principal razão de morte no mundo. Dentre elas, pode-se destacar como as mais comuns: infarto do miocárdio, arritmias cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC).

Enfermidades dessa natureza, além de carregarem fatores genéticos, também se agravam por hábitos não saudáveis, muitas vezes mais presentes em homens, como excesso de álcool, tabagismo, sedentarismo e dieta irregular. Além desses, outros fatores de risco são pressão alta e altas taxas de colesterol ruim (LDL).

A recomendação médica é que os exames de rotina sejam realizados a partir dos 40 anos e que hábitos mais saudáveis sejam adquiridos, como se exercitar regularmente, manter a dieta mais saudável e reduzir o uso de tabaco ou álcool.

 

Câncer de pulmão: segundo dados do INCa, esse é o câncer mais comum no mundo desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade. Estima-se que cerca de 13% dos casos diagnosticados de câncer são de pulmão.

Um dos principais fatores de risco é o tabagismo, uma vez que 85% dos casos diagnosticados estão associados ao tabaco e derivados.

O que se observa é que, como homens têm maior tendência a serem fumantes, o risco da manifestação desse tipo de condição na população masculina também é maior.

Geralmente aparece em pacientes mais velhos e pode ser um câncer muito agressivo, com alta capacidade de proliferação para outras partes do corpo.

A recomendação para evitá-lo não teria como ser outra: é necessário deixar de fumar. Além disso, deve evitar também a exposição a agentes químicos como arsênio, cromo, níquel e outros, que podem estar presentes em ambientes de trabalho.

 

Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs): os homens podem estar mais suscetíveis às ISTs (antes conhecidas como DSTs) por conta de comportamentos sociais e por, muitas vezes, não utilizarem o preservativo de forma correta. Pesquisa do Ministério da Saúde aponta que apenas 39% dos homens brasileiros usam preservativo regularmente.

Infecções como gonorreia, clamídia, HPV, sífilis e HIV são transmitidas pelo contato sexual e necessitam de proteção, pois, muitas vezes, podem não apresentar sintomas, oferecendo perigo para o portador e para quem ele se relaciona.

Para evitar tudo isso, é necessário se proteger durante o ato sexual e manter sempre seus exames em dia, descartando qualquer possibilidade de contaminação.

 

Câncer de pele: segundo o site Oncoguia, os dados apontam que a condição tem maior frequência entre os homens.

A maior incidência na população masculina se deve à falta de tomada de precauções contra a doença, como exposição à luz solar sem proteção do filtro solar adequado ou outras barreiras físicas que ajudam na prevenção.

Mais uma vez, a falta de cuidados com a saúde prejudica o diagnóstico, uma vez que homens podem procurar ajuda apenas em casos mais avançados da doença, reduzindo as chances de recuperação e cura.

Assim como outros cânceres, o de pele tem mais chances de cura quando tratado em estado inicial. Por isso, manter os exames de rotina em dia se torna tão importante em situações como essa.

 

Câncer de pênis: apesar de raro, ele ainda representa 2% dos cânceres que atingem o homem. Geralmente afeta aqueles com mais de 50 anos, também podendo atingir a população mais jovem.

As circunstâncias que tendem a aumentar o risco desse tipo de câncer podem ser baixas condições econômicas, falta de instrução, má higiene íntima, estreitamento do prepúcio e infecção por HPV, segundo fatores de risco descritos pelo INCa.

A prevenção necessita de higiene íntima bem-feita e após as relações sexuais. A cirurgia de fimose também é indicada para a prevenção, uma vez que facilita a higienização do órgão.

Assim como recomendado na prevenção de ISTs, o uso do preservativo também é imprescindível para a prevenção do câncer de pênis.

 

Câncer de testículo: representa 5% dos casos de câncer na população masculina e, também, é uma doença rara. Apesar disso, é facilmente curável quando detectado em seu estágio inicial.

Costuma atingir homens em idade produtiva, dos 15 aos 50 anos, e ainda pode ser confundido com outra condição, chamada orquiepididimites, nome dado para uma inflamação dos testículos e epidídimos.

Entre os fatores de risco, podemos citar histórico familiar, infertilidade, antecedente familiar de testículo contralateral e trabalhadores muito expostos a agrotóxicos.

O aumento do tamanho ou a mudança de forma dos testículos é um dos sintomas da doença.

Assim como outros já citados, as chances de cura são muito maiores quando detectado ainda no início. Por isso, ao sinal de qualquer sintoma um médico deve ser procurado, assim como os exames devem estar em dia.

 

Quais exames são essenciais para o acompanhamento da saúde do homem?

Os exames de rotina são extremamente necessários para detectar possíveis problemas ainda no início para que haja grandes chances de cura.

Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, no Brasil os homens procuram menos os médicos do que as mulheres.

Seguem, abaixo, os exames essenciais para serem realizados pelo público masculino.

Exames de sangue: são os mais solicitados pelos médicos e detectam diversas alterações, auxiliando na identificação de possíveis doenças. Entre eles, podemos citar hemograma tradicional, triglicérides, dosagens de colesterol, glicemia e aqueles para identificar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Exame de urina: exame tradicional que auxilia na detecção de infecções urinárias, doenças renais, diabetes, hepatites e outras enfermidades que podem acometer o fígado.

Exame de fezes: faz parte dos exames de rotina solicitados pelos médicos em muitas consultas. Pode auxiliar na identificação de doenças que afetam o abdômen ou até mesmo cânceres presentes no trato intestinal.

Exames de avaliação pulmonar: geralmente são feitos o raio-X de tórax e a avaliação da função pulmonar por espirometria. Caso haja suspeita de algo mais sério, outros exames mais específicos podem ser solicitados.

Teste ergométrico: visa avaliar o funcionamento cardiovascular do paciente, auxiliando a identificar possíveis doenças do coração.

Avaliação do fígado: como o consumo de álcool entre os homens também pode ser maior, checar o funcionamento do fígado é recomendado. Os exames realizados são chamados transaminase (TGO, TGP) e gama TP, que auxiliam a identificar doenças hepáticas.

Exame de próstata: é o exame mais importante a ser realizado pelos homens por ser um câncer silencioso, que não apresenta sintomas na maioria dos casos e ser o mais comum entre essa população. Confira mais sobre o exame de toque retal aqui (inserir hiperlink para o vídeo que colocamos aqui).

 

Agora que você já sabe como se proteger ou como auxiliar algum ente querido, que tal compartilhar essas informações? É importante lembrar que, ao sinal de qualquer sintoma, um médico deve ser procurado. A Omint conta com vasta rede credenciada, podendo auxiliar em diversas condições. Cuide-se e cuide de quem você ama!

 

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