Agosto Dourado: entenda a importância da amamentação

Entrevistamos a Dra. Laura Naspitz, pediatra credenciada Omint, que trouxe os principais pontos sobre o assunto. Confira!

Publicado por Juliana Brito

4 de agosto de 2022

Neste mês, acontece a campanha Agosto Dourado, que tem como objetivo principal intensificar as ações de promoção, incentivo e apoio ao aleitamento materno. Portanto, trazer os dados corretos sobre o assunto, desmistificar conceitos e levar essa informação para o maior número de pessoas pode auxiliar para que a amamentação seja estimulada e, acima de tudo, feita da forma correta.

Afinal, é a partir dela que nosso organismo passa a se desenvolver e adquirir suas defesas, sendo um alimento completo e criando uma base sólida para o desenvolvimento do bebê.

Para auxiliar você a entender um pouco mais sobre a importância da amamentação e os principais pontos relacionados a ela, entrevistamos a Dra. Laura Naspitz, pediatra credenciada Omint. Confira a entrevista abaixo na íntegra.

 

Em um panorama geral, qual a importância da amamentação?

Quando falamos em amamentação, o assunto pode ser muito amplo. Podemos começar falando da importância do aleitamento materno. Ele é o alimento mais adequado e completo para o bebê nos primeiros 2 anos de vida, sendo que esse aleitamento deve ser exclusivo nos primeiros 6 meses. Caso a mãe queira continuar amamentando após esse período, também não há contraindicação.

Também é primordial entender que o leite materno é um composto vivo, que vai se modificando de acordo com as necessidades e a idade do bebê. Por exemplo, quando a criança está doente, o leite estará cheio de anticorpos para ajudar a combater infecções.

O leite materno também tem outros benefícios: é o leite com maior digestibilidade, diminuindo as cólicas, gases, diarreia e constipação. Além disso, diversos estudos mostram que bebês amamentados têm menor risco de alergia alimentar, alergia de pele, doenças reumatológicas na idade adulta, menor risco de diabetes, cardiopatias e menor risco de sobrepeso e obesidade.

A amamentação também previne anemia e ajuda no desenvolvimento da musculatura mandibular da criança, uma vez que a sucção é estimulada para que o bebê se alimente.

É rico em ômega 3 e, por mais que as fórmulas tentem “imitar” o leite materno, ainda não chegam à qualidade do próprio leite. Esse ômega 3 está associado ao melhor desenvolvimento cognitivo e escolar da criança, trazendo esse benefício neurológico.

 

Com isso, entendemos que os benefícios para o bebê são inúmeros. E, para a mãe, quais as vantagens da amamentação?

Para a mãe, amamentar reduz os riscos de doença cardiovascular, câncer de mama, ovário e endométrio, pois, no período da amamentação, os níveis de estrogênio estão baixos, diminuindo as chances dessas enfermidades. Além disso, amamentar também ajuda a evitar sangramentos e na contração uterina, auxiliando na recuperação pós-parto.

Além dos benefícios para o corpo, existem as vantagens econômicas e da praticidade do aleitamento materno. O leite já está pronto, aquecido, é um alimento completo e ainda auxilia no vínculo entre mãe e filho, pois é um momento único de conexão.

 

Já que a amamentação é tão essencial e uma prática que deve ser incentivada, qual a melhor forma de levar essas informações para as futuras mamães?

Hoje o acesso à informação é muito mais fácil por conta da internet, mas também por esse motivo é preciso saber filtrar o que se lê por aí. O melhor investimento que se faz em um pré-natal é a informação! Hoje, temos disponíveis o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, material muito bem feito com informações muito ricas sobre a amamentação, e o site da UNICEF, que também traz conteúdos importantes e verídicos sobre o assunto.

Também é possível contratar uma enfermeira especialista em amamentação já no pré-natal, assim como um pediatra para acompanhamento. Dessa forma, é possível antecipar os futuros problemas e a mãe pode ser orientada de forma ainda mais personalizada. Mas não se preocupe! Caso isso não possa ser feito, o acompanhamento público e as informações disponíveis também auxiliam as mães de maneira completa.

Também é extremamente necessário que a consulta de pré-natal seja feita ainda no terceiro trimestre da gestação, para que essa mãe possa receber as orientações corretas.

 

Se mesmo com todas as orientações a mãe não conseguir amamentar, o que ela deve fazer?

Primeiro é preciso entender que apenas 5% das mães não conseguem amamentar por algum motivo relacionado ao próprio corpo, como a redução de mamas, por exemplo. Muitas mães não conseguem amamentar porque a pega do bebê está errada e, consequentemente, ele não esvazia a mama. Quando isso ocorre, há queda na produção de leite e a mãe pode achar que o problema é o seu corpo, quando na verdade deve-se corrigir a forma como o bebê faz a sucção.

Porém, se de fato o problema não for relacionado ao corpo da mulher e a mãe não conseguir amamentar o bebê ou só amamentar parcialmente, é essencial que ela tenha auxílio psicológico e, principalmente, da rede de apoio, como familiares, amigos, vizinhos: alguém que possa ajudá-la nesse momento tão importante! Também é extremamente necessário buscar orientação do pediatra e dos profissionais que acompanharam a gestação, para que seja investigado o que está acontecendo.

 

Sabemos que algumas mães também podem ter uma produção de leite muito alta e que isso pode ajudar outras crianças. Qual a importância da doação e como isso pode ser feito?

Algumas mães podem ter uma produção de leite bem alta. Mesmo amamentando e deixando o bebê satisfeito, esse leite acaba “sobrando”. A mãe pode armazenar o leite, seguindo as recomendações corretas da Sociedade Brasileira de Pediatria, ou fazer a doação para os bancos de leite. É só entrar em contato com os telefones disponíveis no site e realizar todos os passos necessários orientados pelo banco de leite mais próximo de você. O acompanhamento nos bancos de leite das maternidades do SUS (Sistema Único de Saúde) também pode ser procurado.

Vale ressaltar que a amamentação cruzada – quando uma mãe alimenta outro bebê que não é o dela – é proibida no Brasil, pois a prática pode levar a contaminações e disseminar doenças. Dessa forma, a doação é permitida apenas por meio dos bancos de leite, onde a coleta, o armazenamento e a distribuição são feitos seguindo as normas necessárias para evitar qualquer tipo de transmissão. Essa prática é muito importante, pois auxilia bebês que estão em unidades neonatais precisando de leite materno para se recuperarem de forma mais rápida e saudável.

 

Para finalizar, vamos desmistificar algumas informações sobre a amamentação.

A amamentação diminui o risco de câncer de mama?
Verdade! O câncer de mama é o mais comum na população feminina, e amamentar pode reduzir tanto os ricos do câncer de mama como o de ovário e endométrio. Os baixos níveis de estrógeno durante a amamentação podem diminuir as chances dessas patologias.

Amamentar durante a gravidez: pode ou não?
Pode! Se não há nenhum risco na gestação atual e não há contraindicação do obstetra, pode continuar amamentando normalmente.

Existe leite materno fraco?
Não existe. O leite vai ter sempre uma composição ideal para o bebê.

Um bebê amamentado por uma mãe imunizada contra a Covid-19 também está imune?
Quando o bebê ingere o leite materno da mãe imunizada, ele fica presente nas mucosas do bebê, como boca, intestino etc. Como esse leite contém anticorpos e fica nesses locais, criando uma camada, ele ajuda a auxiliar na prevenção contra a Covid-19. Porém, não há anticorpos circulando pelo sangue do bebê, apenas nas mucosas.

A amamentação exclusiva causa despertares noturnos no bebê?
Os despertares noturnos não são dependentes do leite materno. Os bebês acordam a cada ciclo de sono, ou seja, a cada 2 ou 3 horas eles acabam com um sono mais leve entre um ciclo e outro e acordam. A diferença é o bebê que sabe voltar a dormir sozinho e o bebê que vai precisar de alguma ajuda, por exemplo, ser ninado, e não necessariamente amamentado, mas pode acontecer.

Amamentar elimina o perigo de contracepção?
A amamentação bloqueia a ovulação, mas não há como saber por quanto tempo isso vai durar. Sempre existe o risco de engravidar.

Durante a amamentação exclusiva, é necessário dar água?
Não precisa dar água mesmo em dias de muito calor, porque o leite se modifica e naturalmente já é composto de mais água.

Queda de cabelo pós-parto é causada pela amamentação?
É causada pela alteração hormonal decorrente da gestação, e não pela amamentação em si.

Aqui na Omint, o Programa Boa Hora é destinado para momentos como esse. Ele tem como objetivo orientar e acolher gestantes e puérperas, estimulando o parto mais adequado para você e reforçando a importância do aleitamento exclusivo até os 6 meses do bebê. Tudo para que a futura mamãe possa se sentir mais segura nesse momento tão importante.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre o assunto, que tal compartilhar o conteúdo com alguma mamãe? Até a próxima!

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