Publicado por Juliana Brito
Para algumas organizações, manter a eficiência em treinamentos ou a motivação dos colaboradores elevada são dois grandes desafios. Por outro lado, conservar pessoas focadas, competitivas e perseverantes em um jogo costuma ser uma tarefa bem mais simples.
Com essa estratégia, é possível estimular o engajamento dos colaboradores transformando uma tarefa vista como chata ou tediosa em um desafio tão agradável e atraente quanto um game. Para isso, você precisará conhecer as mecânicas dos jogos e alguns caminhos de execução.
São muitos os pontos particulares dos games que podem ser trazidos para dentro do ambiente corporativo e revolucionar tarefas e treinamentos. Entendendo a mecânica por trás dos jogos e aliando-as aos processos da sua empresa, você poderá criar soluções extremamente poderosas.
Por isso, não dê ouvidos aos mitos sobre a gamificação corporativa e não acredite que é um processo dispendioso demais. Para se manterem competitivas, as organizações não podem temer a inovação.
Para auxiliar o desenvolvimento da sua empresa, fizemos esse texto. Aqui você irá encontrar as principais informações para entender e implementar a gamificação no seu negócio.
O texto é dividido nas seguintes partes:
- O que é a gamificação no trabalho;
- Quais os benefícios da gamificação nas empresas;
- Exemplos e ideias de gamificação nas empresas;
- Como usar gamificação no trabalho.
Então, vamos começar?
O que é a gamificação no trabalho
Gamificação é a versão na língua portuguesa do termo em inglês “gamification”. Como o próprio nome já aponta, o conceito define a implementação de mecânicas lúdicas, do universo dos jogos, em outras experiências. Nesse texto, vamos explorar as aplicações desse conceito – muito popular no mundo da educação – em contextos corporativos.
Para entender a gamificação, vamos primeiro pensar nos games. Existe uma infinidade de jogos, digitais ou analógicos, cada um à sua maneira, mas há algumas características que quase todos compartilham, como:
- contagem de pontos;
- progressão com níveis demarcados;
- competição saudável;
- regras bem estabelecidas;
- mecanismos de recompensas;
Muitas pessoas passam horas por semana jogando, seja pessoalmente com outros amigos, seja no meio digital, sozinho ou on-line. Jogar exige muita atenção, tempo para entender as regras e, dependendo do nível de dificuldade, requer também muita perseverança e persistência.
O conceito de gamificação nas empresas, então, surge para responder à pergunta: e se pudéssemos pegar toda essa dedicação que os games despertam nas pessoas e levá-la para o mundo corporativo? É possível tornar agradáveis algumas das nossas tarefas cotidianas, assim como acontece nos games?
Com isso, a ferramenta passou a ser aplicada em processos seletivos, onboardings, treinamentos e até mesmo mesclada com dinâmicas em grupo.
A gamificação no trabalho, portanto, é quando aplicamos os conceitos dos games responsáveis por torná-los tão interessantes em atividades necessárias em uma empresa. E isso pode acontecer de diversas maneiras, seja por meio de recompensas, competições amistosas, seja por qualquer outra estratégia.
Leia também: Como desenvolver um PDI e os desafios da primeira liderança
Quais os benefícios da gamificação nas empresas
Existe um motivo pelo qual o conceito de gamificação corporativa tem chamado tanta atenção e é assunto tão recorrente no mercado de trabalho: porque promove muitos benefícios, é claro! Quando bem executada, essa estratégia pode renovar completamente algumas atividades da sua empresa antes vistas como chatas.
Confira, a seguir, os principais benefícios.
Aumento na motivação
Uma das coisas mais difíceis para a maioria das pessoas, dentro e fora do trabalho, é manter a motivação por longos períodos em uma mesma atividade. No começo, o ar de novidade torna tudo mais interessante e é fácil nos sentirmos estimulados. O difícil é conservar esse estado de espírito.
Com a gamificação corporativa, esse problema pode ser resolvido ou ao menos atenuado. Isso porque as dinâmicas de jogos, como competições e premiações esporádicas, podem trazer nova roupagem para algumas atividades. Com isso, os colaboradores ficam motivados por mais tempo.
Alinhamento e colaboração
Em um jogo, há sempre um objetivo em comum e um conjunto de regras claras. Quantas vezes podemos dizer que há o mesmo em nosso trabalho?
A gamificação nas empresas é um processo que, direta ou indiretamente, convida os gestores ou o RH a determinarem metas e também as práticas necessárias para alcançá-las, estimulando o alinhamento.
Indo além, há também o incentivo para aumentar a colaboração. Com vários colaboradores e suas respectivas equipes caminhando em uma mesma direção, é mais fácil construir trocas entre as diferentes áreas, podendo até mesmo levar à criação de times mesclados ou squads.
Priorização e foco
Com regras e metas bem definidas, não é muito difícil organizar as responsabilidades em uma lista de prioridades.
Frequentemente, em nossa rotina, fazemos as atividades mais urgentes ao invés das mais importantes. Pior ainda: são tantas atividades urgentes que não conseguimos ter foco. Em suma: sobram tarefas e sentimos dificuldades quanto à gestão de tempo.
A gamificação no trabalho, com seu conjunto estabelecido de regras, ajuda as equipes a evitarem esses problemas.
Melhorias para a empresa como um todo
Os colaboradores são a base de qualquer negócio e organização. Se as equipes estão motivadas, organizadas e focadas, a empresa colhe todos esses benefícios, conquistando melhores vendas, realizando entregas de qualidade e retendo colaboradores mais talentosos.
Exemplos e ideias de gamificação nas empresas
Conhecendo todos os benefícios dessa estratégia, é possível que você esteja se perguntando como tudo isso de fato se manifesta nas empresas. Existem diversas maneiras de usar a gamificação no trabalho: tudo depende das suas necessidades e criatividade. Novamente: não existem regras para inovação ou transformação digital no RH.
Com o objetivo de inspirar você a ter melhores ideias, montamos uma lista com alguns exemplos de gamificação, dentro e fora do mercado de trabalho.
Radar Fit
Para muitas pessoas, manter o hábito de se exercitar é um desafio e tanto. Seja pelo desconforto que algumas atividades provocam, seja por falta de estímulos, a verdade é que muitas pessoas simplesmente não se exercitam, mesmo sendo essencial para a saúde.
O aplicativo Radar Fit busca resolver justamente isso e se tornou um ótimo exemplo de gamificação. Nele você cria um avatar seu e, toda vez que se exercita, medita, alimenta-se ou bebe água, você é recompensado com moedas que poderão ser trocadas por produtos, como caixinhas de som ou smartwatches.
Além disso, o aplicativo tem torneios regulares, onde quem faz mais pontos ganha prêmios.
Hope Soap
Outro exemplo de gamificação fora do mercado de trabalho é o Hope Soap. Ele é superinteressante porque, diferentemente da maioria, não é digital, desmentindo essa ideia de que só é possível realizar essa estratégia com tecnologia.
O Hope Soap busca resolver o problema da falta de higiene infantil na África do Sul de maneira simples: colocando brinquedos no centro de sabonetes translúcidos. Assim, o ato de lavar as mãos torna-se uma brincadeira.
Deloitte
Mais do que conhecimento técnico, os cargos de liderança exigem muitas habilidades comportamentais, conhecidas também como soft skills. E treiná-las para fazer a diferença pode ser um desafio.
Pensando nisso, a Deloitte tem uma academia de lideranças, onde oferece cursos e treinamentos para ajudar os colaboradores sêniores a desenvolverem essas habilidades. Os treinamentos são chamados de missões, cada qual com seus objetivos e tópicos. Ao final de cada uma, os colaboradores recebem distintivos para marcar suas conquistas.
Outra importante funcionalidade é a tabela de líderes, onde os participantes podem acompanhar os principais usuários de cada atividade. Utilizando gamificação nas empresas, a Deloitte viu o aumento de 47% no engajamento da sua academia de liderança.
AstraZeneca
Para melhorar o treinamento dos colaboradores recém-contratados para a área de vendas, a AstraZeneca criou um programa chamado “Go to Jupiter” (Vá a Júpiter, em tradução livre), com diversos pontos para estimular e motivar, como:
- competição entre times;
- cooperação entre times;
- minijogos;
- níveis variados;
- itens virtuais e outras recompensas;
- tabela de líderes.
As taxas de usabilidade foram de 97% e 95% dos usuários completaram todas as aulas. O jogo foi tão eficiente e interessante que algumas pessoas estavam até jogando-o fora do horário de trabalho.
Com esse exemplo, vemos que até treinamentos, muitas vezes considerados chatos, podem se tornar interessantes com a estratégia correta de gamificação corporativa.
Como usar gamificação no trabalho
Agora que você entende a definição de gamificação nas empresas, conhece seus benefícios e já tem algumas inspirações em mente, está pronto para planejar uma implementação na sua organização.
Novamente, essa é uma estratégia cuja execução depende muito dos seus objetivos e, é claro, da cultura organizacional da sua empresa. Por isso, não existe um manual infalível, mas um conjunto de passos que, adaptados à sua realidade, podem construir uma solução muito poderosa.
Acompanhe, a seguir, as etapas para implementar a gamificação corporativa na sua empresa.
Analise o contexto
Antes de começar a sonhar com diversas possibilidades revolucionárias de gamificação no trabalho, você precisa ser capaz de responder à pergunta: o que queremos atingir com a gamificação?
É essencial ter um norte logo no início de qualquer projeto para orientar os esforços da equipe. Para isso, faça alguns questionamentos.
- Qual problema queremos resolver com a gamificação?
- Qual a meta? Mais usuários, maior engajamento, mais cooperação entre equipes?
- Em qual etapa da jornada do colaborador a gamificação seria implementada?
- Em quais jornadas ela seria implementada?
Com essas informações em mãos, os próximos passos acontecerão com muito mais facilidade.
Planeje a mecânica do jogo
Objetivos, regras, recompensas, duração. Essa é a etapa onde o conceito do jogo começará a tomar forma. As informações levantadas em People Analytics podem ser muito úteis para entender a melhor maneira de engajar os colaboradores.
Monte a plataforma de gamificação corporativa
Se esse jogo for digital, a sua empresa tem os recursos necessários para programá-lo? Se for físico, como ele será impresso ou montado?
Planeje como serão orientados os recursos direcionados para dar, de fato, vida à gamificação. Para essa etapa, não é necessário ter um projeto final. Um MVP (Minimal Viable Product) pode ser o suficiente.
Faça rodadas de testes, feedbacks e ajustes
É importante montar um grupo focal e deixar que teste a gamificação corporativa que você e sua equipe construíram. Colete feedbacks das pessoas e faça os ajustes necessários.
O foco aqui é a interação. Repita essa etapa quantas vezes forem necessárias até chegar a uma solução final.
Oficialize o lançamento da gamificação no trabalho
Foram feitas as alterações necessárias e a solução está pronta? Ótimo! É hora de jogá-la no mundo. Faça anúncios que criem expectativa para o jogo, mas, acima de tudo, esclareça todas as dúvidas relacionadas ao projeto.
Explique aos colaboradores sobre o que se trata esse tipo de gamificação, porque eles irão participar desse projeto e o que é esperado deles. Além disso, mantenha o canal aberto para feedbacks como forma de melhorar constantemente o jogo.
Avalie os resultados
A solução implementada ajudou a bater as metas estabelecidas? É possível melhorá-la?
Agora é o momento de avaliar todo o processo de aprendizado da sua equipe com a gamificação e mensurar o sucesso da solução entregue.
Com essas informações, você está pronto para levar a gamificação para a sua organização. Que tal propor essa ideia para a sua equipe?
