Métodos contraceptivos: tipos, eficácia e como escolher o ideal para você

A escolha do método contraceptivo é uma decisão que envolve informação, autoconhecimento e, sobretudo, orientação médica.

Os anticoncepcionais, por exemplo, são uma forma segura para prevenir uma gravidez não planejada e proporcionar mais autonomia sobre o próprio corpo e a própria vida reprodutiva.

Além disso, alguns métodos contribuem para o bem-estar geral, ajudando a aliviar cólicas, regular o ciclo menstrual e, em determinadas opções, prevenir ISTs.

Neste conteúdo, você vai entender o que são os métodos contraceptivos, conhecer as principais alternativas disponíveis e descobrir como identificar a opção mais adequada ao seu perfil. Boa leitura!

O que são métodos contraceptivos?

Os métodos contraceptivos, ou anticoncepcionais, são recursos que evitam a fecundação — o encontro entre o espermatozoide e o óvulo — ou impedem a fixação do embrião no útero. Têm papel essencial no planejamento reprodutivo, permitindo que mulheres e famílias façam escolhas seguras e orientadas sobre o momento ideal para uma gestação.

Mais do que prevenir uma gravidez não planejada, o uso de anticoncepcionais está associado ao cuidado com a saúde reprodutiva e à prevenção de possíveis complicações decorrentes de gestações não desejadas.

Na prática, esses métodos funcionam como uma barreira de proteção que ajuda a controlar a fertilidade e contribui para uma vida sexual mais segura e consciente (alguns evitam também infecções sexualmente transmissíveis), sempre com orientação médica adequada.

Cada um funciona de uma maneira no organismo e são separados nas seguintes categorias:

  • métodos contraceptivos hormonais
  • métodos contraceptivos cirúrgicos
  • métodos contraceptivos naturais

A escolha do método ideal depende de alguns fatores como: histórico de saúde, idade, estilo de vida, frequência de relações e o desejo de ter filhos no futuro.

Entre tantas opções disponíveis, surgem algumas dúvidas: qual é o método contraceptivo mais eficaz? Quais são os efeitos colaterais? Como saber qual anticoncepcional é o mais adequado?

Por isso, criamos uma relação de cada método contraceptivo, sua categoria, eficácia e orientações.

Quais são os principais métodos contraceptivos?

A que, do total de 33.624,518 mulheres entre 15 a 49 anos, os principais métodos contraceptivos são:

  • pílula anticoncepcional (40,6%);
  • preservativo masculino (camisinha) (20,4%);
  • laqueadura feminina (17,3%).

Além desses, segundo o estudo Barreiras e Facilitadores Para Acesso A Métodos Contraceptivos Femininos Na Atenção Primária À Saúde No Brasil, as injeções contraceptivas, vasectomia, DIU, implante, preservativo feminino e diafragma também são usados.

Principais métodos contraceptivo

De acordo com o estudo da UFMG sobre Barreiras e Facilitadores Para Acesso A Métodos Contraceptivos Femininos e com dados do Ministério da Saúde, a anticoncepção é de papel essencial para a saúde sexual e reprodutiva, tendo como os métodos essenciais os listados abaixo.

1. Métodos contraceptivos hormonais

Os métodos contraceptivos hormonais usam substâncias sintéticas parecidas com os hormônios naturais (como estrogênio e progesterona) em doses controladas para inibir a ovulação ou modificar o ambiente do útero e do colo, de forma que dificultam a fecundação.

Pílula anticoncepcional
Um dos métodos contraceptivos mais conhecidos e utilizados, tem a função de impedir a ovulação. Em formato de comprimido oral, é composta por estrogênio e progesterona sintéticos e deve ser tomada diariamente, geralmente por 21 dias, com uma pausa de 7 dias.

Vantagens: alta eficácia (99%) quando usada corretamente, ajuda a regular o ciclo menstrual e reduz as cólicas.

Desvantagens: pode causar efeitos colaterais como náuseas, alterações de humor e ganho de peso. Exige uso contínuo e disciplinado.

Injeção anticoncepcional
Esse método libera hormônios que impedem a ovulação e é uma opção prática para quem prefere não se preocupar com o uso diário de comprimidos. A aplicação pode ser mensal ou trimestral, realizada em consultório ou farmácia.

Vantagens: prático, discreto e com alta taxa de eficácia quando utilizado corretamente.

Taxa de eficácia: a injeção mensal apresenta eficácia entre 99,4% e 99,9%, enquanto a trimestral atinge cerca de 99,7%.

Desvantagens: pode causar alterações no ciclo menstrual, retenção de líquidos e demora no retorno da fertilidade após a suspensão.

 

Adesivo anticoncepcional
O método transdérmico é uma opção prática, pois o adesivo aplicado sobre a pele libera hormônios de forma contínua. A troca é feita, em média, a cada 1 a 3 semanas, conforme orientação médica.

Vantagens: prático, trocado semanalmente e não depende do trato digestivo.

Taxa de eficácia: cerca de 99,7% quando utilizado corretamente. Em casos de uso inconsistente, a eficácia pode cair para aproximadamente 91%.

Desvantagens: pode ter menor eficácia em pessoas com sobrepeso e causar irritação local na pele.

 

Anel vaginal
Trata-se de um anel flexível de silicone que libera hormônios localmente para impedir a ovulação. Deve ser utilizado por 21 dias, com pausa de 7 dias antes da troca.

Vantagens: confortável, de uso mensal e com taxa de eficácia superior a 98%.
Desvantagens: pode causar leve desconforto no início do uso e não oferece proteção contra ISTs.

 

Implante contraceptivo
Anticoncepcional subdérmico colocado sob a pele do braço, que libera hormônio continuamente por até 3 anos.
Vantagens: longa duração, taxa de eficácia de 99,9% e manutenção mínima.
Desvantagens: requer inserção e remoção médica, pode causar irregularidades menstruais.

 

DIU hormonal (Mirena e Kyleena)
Esse método contraceptivo é feito com um dispositivo intrauterino que libera doses baixas de hormônio dentro do útero.

Vantagens: dura de 5 a 7 anos, tem eficácia acima de 99% e pode reduzir o fluxo menstrual.
Desvantagens: pode causar sangramentos irregulares no início e precisa ser colocado por um profissional.

2. Métodos contraceptivos não hormonais (de barreira e mecânicos)

Esses métodos impedem o contato entre o espermatozoide e o óvulo sem alterar o sistema hormonal. São boas alternativas para quem não pode ou não quer usar hormônios.

Preservativo masculino
Também conhecido como camisinha, esse é o método mais acessível e o único que protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Taxa de eficácia: 98% quando usado corretamente.

Preservativo feminino
Feito de material flexível, a camisinha feminina é inserida na vagina antes da relação e também protege contra ISTs.

Taxa de eficácia: 98% quando usado corretamente.

DIU de cobre
Esse método contraceptivo é feito com o dispositivo intrauterino, mas sem liberação de hormônios. O cobre libera substâncias que dificultam a movimentação dos espermatozoides impedindo a fecundação e pode durar até 10 anos.

Taxa de eficácia: superior a 99%.

Diafragma
É uma pequena cúpula de silicone colocada na vagina antes da relação para cobrir o colo do útero. Deve ser usado com gel espermicida.

Taxa de eficácia: em média é de 94% quando bem-posicionado.

3. Métodos contraceptivos cirúrgicos (definitivos)

Esses recursos são opções contraceptivas irreversíveis, ou seja, indicadas apenas para pessoas que têm certeza de que não desejam mais ter filhos.

Laqueadura tubária
Cirurgia feita em mulheres, que faz o bloqueio das tubas uterinas, impedindo que o óvulo e o espermatozoide se encontrem.

Taxa de eficácia: próxima de 100%.

Vasectomia
Procedimento simples e rápido, realizado em homens, que impede a passagem dos espermatozoides.

Taxa de eficácia: próxima de 100%.

Qual o método contraceptivo mais eficaz?

A eficácia do anticoncepcional é um dos fatores mais importantes na escolha. Em geral, os métodos contraceptivos mais eficazes são os de longa duração e baixa intervenção, como o DIU e o implante, porque reduzem o risco de erro humano.

Taxa de falha dos métodos

A taxa de falha de cada método pode variar conforme o uso correto ou incorreto. Nos anticoncepcionais de longa duração, como o DIU e os implantes, essa taxa é mais baixa. Já nos métodos de uso contínuo, que exigem pausas ou o uso de barreiras, as taxas tendem a ser maiores quando não são utilizados adequadamente.

Tabela comparativa: eficácia x praticidade x efeitos

Com base nos estudos e dados de manuais já apresentados anteriormente, criamos uma tabela para que você tenha a visão geral de cada método com possíveis efeitos colaterais e suas eficácias.

Qual a importância de escolher corretamente?

A escolha do método contraceptivo ideal para você deve levar em consideração a eficácia, duração, manutenção, efeitos colaterais, questões de saúde e estilo de vida.

Essa decisão deve ser tomada com o acompanhamento de um médico ginecologista, para garantir que o anticoncepcional seja seguro e adequado às suas necessidades.

Independente da escolha do método contraceptivo, a recomendação é que os preservativos sejam usados em todas as relações, visando não só uma proteção extra de concepção, mas por serem os únicos métodos de prevenção a ISTs.

Como escolher o melhor método para você?

A escolha do método contraceptivo ideal depende de uma avaliação cuidadosa e individualizada. Fatores como idade, histórico de saúde, rotina, frequência das relações e desejo de engravidar no futuro devem ser considerados.

Durante a consulta, o médico avalia o perfil hormonal, possíveis contraindicações e preferências pessoais, orientando sobre as opções mais seguras e adequadas para cada fase da vida.

Vale lembrar que, mesmo quando há preferência por métodos de longa duração ou hormonais, o uso do preservativo continua sendo fundamental para prevenir infecções sexualmente transmissíveis.

Contracepção e mitos: o que é verdade?

A contracepção ainda é cercada por mitos e informações imprecisas. A seguir, esclarecemos alguns dos mais comuns:

Anticoncepcional engorda?

A relação entre o uso de anticoncepcionais e o ganho de peso não é direta. Alguns métodos hormonais podem causar retenção de líquidos ou alterações no apetite, mas esses efeitos variam muito entre as pessoas. O ideal é conversar com o ginecologista caso perceba mudanças significativas.

DIU causa infertilidade?

Não. O DIU, tanto o de cobre quanto o hormonal, não interfere na fertilidade após a remoção. A mulher pode voltar a ovular normalmente em pouco tempo. O risco de complicações é raro e está associado a fatores individuais, por isso a colocação deve ser sempre feita por um profissional de saúde habilitado.

Camisinha tem tamanho?

Sim. Assim como outros produtos, os preservativos possuem variações de tamanho e espessura, que podem influenciar no conforto e na eficácia. Usar um preservativo no tamanho adequado reduz o risco de rompimento e melhora a experiência do casal.

É possível usar métodos contraceptivos naturais?

Os chamados métodos contraceptivos naturais baseiam-se na observação dos sinais do corpo, como o ciclo menstrual, a temperatura basal e as alterações do muco cervical, para identificar o período fértil e evitar relações nesse intervalo.

Embora sejam opções conhecidas, sua eficácia é variável e depende de muita disciplina, ciclos regulares e acompanhamento profissional. Por isso, são geralmente recomendados apenas para pessoas que aceitam o risco de uma possível gravidez.

O acompanhamento médico é essencial para compreender as limitações desses métodos e avaliar se eles são adequados ao seu estilo de vida. O uso de métodos contraceptivos naturais não exclui o uso de preservativos para prevenção de ISTs.

Confira, em vídeo, a relação de sexo e a saúde do corpo e da mente, com a Dra. Mariana Schmidt:

Cuide da sua saúde reprodutiva com informação confiável

A contracepção é uma parte importante do cuidado com a saúde reprodutiva. Mais do que escolher um método, trata-se de tomar decisões com base em orientação médica e informação de qualidade.

Agende uma consulta com um especialista e descubra qual é o método ideal para você, considerando seu momento de vida, planos futuros e bem-estar geral.

FAQ – Perguntas frequentes sobre métodos contraceptivos

Qual método contraceptivo é 100% eficaz?

Nenhum método é 100% eficaz, mas os de longa duração, como o DIU e o implante, têm taxas próximas a 99,9% quando utilizados corretamente.

Qual é o melhor método para quem não quer menstruar?

Métodos hormonais contínuos, como o implante e o DIU hormonal, podem reduzir ou interromper a menstruação. A escolha deve ser feita junto ao médico.

Qual método tem menos efeitos colaterais?

Os métodos não hormonais, como o DIU de cobre e o preservativo, costumam ter menos efeitos sistêmicos, mas cada organismo reage de forma diferente.

O que é método contraceptivo natural?

É uma forma de evitar a gravidez por meio da observação do ciclo menstrual e dos sinais corporais. Apesar de natural, tem eficácia menor e exige acompanhamento constante.

Como funciona o implante contraceptivo?

É um pequeno bastão inserido sob a pele do braço que libera hormônio continuamente, com eficácia de até três anos.

Camisinha tem tamanho? Como escolher?

Sim. A escolha deve levar em conta o conforto e o ajuste, seguindo as recomendações do fabricante.

Qual é o método mais indicado por ginecologistas?

Depende de cada caso. O ginecologista avalia fatores de saúde e rotina antes de indicar a melhor opção.

O que fazer se esquecer da pílula ou da injeção, por exemplo?

Caso esqueça de tomar a pílula ou aplicar o anticoncepcional, siga as orientações da bula e consulte o médico. Em alguns casos, o uso de um método de barreira pode ser indicado como reforço.

 

Lembre-se: o método contraceptivo ideal é aquele que se adapta à sua rotina, ao seu corpo e ao seu momento de vida. Converse com seu médico e escolha com informação e segurança.

Prematuridade: guia completo sobre parto pré-termo, cuidados e desenvolvimento

Nem sempre o nascimento ocorre no tempo esperado. Em todo o mundo, milhões de bebês iniciam a vida antes do momento ideal, ainda em fase de desenvolvimento no útero. Segundo um relatório conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Unicef, publicado em 2023, mais de 13,4 milhões de crianças nasceram prematuramente em 2020, o que representa 1 em cada 10 nascimentos no planeta. No Brasil, a estimativa é de aproximadamente 340 mil casos por ano. 

A prematuridade é considerada hoje uma “emergência silenciosa” global. Embora muitas pessoas acreditem que nascer um pouco antes “não faz tanta diferença”, cada semana de desenvolvimento dentro do útero representa um ganho significativo em maturidade respiratória, neurológica, imunológica e metabólica. Por isso, o tema vai além da medicina, envolve também aspectos sociais, familiares e emocionais. 

Compreender o que é a prematuridade, suas causas, classificações e os cuidados mais importantes contribui para reduzir riscos, orientar famílias e, principalmente, promover o desenvolvimento saudável dos bebês que chegam antes do tempo. Este guia reúne informações atualizadas e oferece uma visão ampla e integrada sobre o tema. 

O que é prematuridade? 

A prematuridade é caracterizada pelo nascimento que ocorre antes de 37 semanas completas de gestação, de acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em uma gestação típica, espera-se que o parto aconteça entre 38 e 40 semanas; quando o bebê nasce antes desse período, é considerado prematuro, também chamado em termos médicos de recém-nascido pré-termo. 

O grau de prematuridade influencia diretamente o prognóstico clínico, o padrão de desenvolvimento e a necessidade de suporte especializado. Quanto menor a idade gestacional no momento do parto, maior o risco de complicações respiratórias, neurológicas e metabólicas, já que muitos sistemas do corpo ainda não atingiram a maturidade necessária. 

Classificação básica da prematuridade segundo a OMS 

Classificação  Semanas de gestação  Descrição 
Prematuro tardio  34 a 36 semanas e 6 dias  Em geral apresentam boa evolução, mas podem ter dificuldades alimentares e respiratórias leves 
Prematuro moderado  32 a 33 semanas e 6 dias  Necessitam de suporte maior e monitoramento respiratório 
Muito prematuro  28 a 31 semanas e 6 dias  Alto risco de complicações, geralmente requerem UTI neonatal 
Prematuro extremo  Menos de 28 semanas  Maior complexidade clínica e chance de sequelas; sobrevida depende de recursos assistenciais 

 

Quanto mais cedo ocorre o parto, mais a equipe de saúde precisa intervir para substituir o que ainda seria fornecido pelo útero: calor, nutrição controlada, proteção imunológica e um ambiente seguro para o desenvolvimento neurológico.  

Quais são as causas e fatores de risco da prematuridade? 

A prematuridade não tem uma única causa. Ela é descrita pelos especialistas como “multifatorial”, ou seja, decorre da combinação de fatores maternos, fetais e contextuais. Em muitos casos, mesmo com um pré-natal adequado, o parto prematuro pode acontecer — razão pela qual a vigilância médica é essencial. 

1) Fatores maternos

  • Hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia 
  • Infecções urinárias e infecciosas não tratadas 
  • Doenças autoimunes 
  • Estresse crônico 
  • Desnutrição ou carência de micronutrientes 
  • Histórico prévio de parto prematuro 

2) Fatores fetais

  • Gestação múltipla (gêmeos, trigêmeos etc.) 
  • Restrição de crescimento intrauterino 
  • Malformações congênitas 
  • Alterações da placenta (descolamento, placenta prévia) 
  • Amniorrexe prematura (rompimento precoce da bolsa) 

3) Fatores socioambientais

  • Baixo acesso ao pré-natal 
  • Distância de serviços de saúde especializados 
  • Exposição a ambientes de alta carga física ou estresse ocupacional 
  • Violência doméstica 
  • Condições socioeconômicas desfavoráveis 

Fatores evitáveis x fatores inevitáveis 

Nem todos os motivos podem ser prevenidos. Porém, alguns fatores são modificáveis — especialmente os relacionados ao cuidado materno, nutrição, controle de doenças e acompanhamento durante a gestação. 

Tipo de fator  Exemplos  Pode ser prevenido? 
Maternos controláveis  tabagismo, álcool, controle de diabetes  Sim 
Maternos não modificáveis  idade extrema ou histórico gestacional  Parcialmente 
Fetais  malformações, placenta prévia, gestação múltipla  Não 
Contextuais  falta de acesso à saúde  Com políticas públicas 

 

A maior parte dos estudos ressalta que o pré-natal adequado é a principal ferramenta de prevenção. É durante ele que podem ser detectados sinais precoces de risco e adotadas medidas de proteção para prolongar a gestação pelo maior tempo possível. 

Parto pré-termo: quando ocorre e o que significa? 

Embora muitas pessoas utilizem os termos “parto pré-termo” e “prematuridade” como sinônimos, existe uma diferença técnica importante: prematuridade descreve o estado do recém-nascido (bebê que nasce antes de 37 semanas), enquanto parto pré-termo descreve o evento obstétrico — ou seja, o momento em que a gestação termina antecipadamente. 

Um parto é considerado pré-termo quando ocorre antes de 37 semanas completas, independentemente do motivo. Ele pode acontecer de forma: 

Tipo de parto pré-termo  Característica  Exemplo 
Espontâneo  O trabalho de parto inicia naturalmente  Dilatação, contrações regulares e ruptura espontânea da bolsa 
Induzido por recomendação médica  Iniciado devido a risco materno ou fetal  Pré-eclâmpsia grave, sofrimento fetal, infecções, risco iminente à saúde da mãe ou do bebê 

 

Em casos específicos, o parto pré-termo é uma medida de proteção, e não um “erro” fisiológico — especialmente quando a continuidade da gestação representa risco à vida da gestante ou do feto. 

Panorama no Brasil 

O Brasil está entre os países com maiores índices de prematuridade na América Latina. Apesar da redução leve ocorrida nos últimos anos (de 12% para cerca de 11,1%), o número ainda é considerado elevado quando comparado a países com maior cobertura de pré-natal e acompanhamento perinatal especializado.  

Graus de prematuridade e classificações 

A classificação da prematuridade não se baseia apenas no número de semanas, mas também em marcos de viabilidade, isto é, nos limites reais de sobrevivência e maturidade dos órgãos. 

Quanto mais cedo o nascimento ocorre, maior a necessidade de suporte intensivo e maior o risco de complicações. 

Classificação detalhada (com riscos associados) 

Categoria  Semanas de gestação  Riscos clínicos mais frequentes 
Prematuro extremo  < 28 semanas  Imaturidade pulmonar acentuada, alta chance de hemorragia intracraniana, maior dependência ventilatória 
Muito prematuro  28 a 31 semanas e 6 dias  Possível displasia broncopulmonar, apneias, dificuldade alimentar, maior tempo de internação 
Prematuro moderado  32 a 33 semanas e 6 dias  Desafios respiratórios leves a moderados, dificuldade na sucção, ganho de peso gradual 
Prematuro tardio  34 a 36 semanas e 6 dias  Podem aparentar maturidade, mas têm risco de icterícia, hipoglicemia e fadiga ao mamar 

 Taxa de sobrevivência por idade gestacional 

A OMS e associações neonatais internacionais divulgam estimativas de sobrevida que variam conforme estrutura hospitalar, país e acesso ao cuidado intensivo. Em média: 

Semanas de gestação  Taxa média de sobrevivência  Observação 
22 semanas  2% a 15%  Limite de viabilidade; exige suporte extremo 
23 semanas  15% a 40%  Sobrevida aumenta com acesso a UTI neonatal especializada 
26 a 28 semanas  75% a 85%  Maturação pulmonar mais avançada 
29 a 32 semanas  90% a 95%  Alta chance de evolução favorável 
33 a 36 semanas  > 95%  Geralmente boa evolução, com cuidados clínicos pontuais 

 

Esses dados ajudam a compreender uma dúvida muito comum:

Por que nascer com 7 meses costuma ter maior sobrevida que nascer com 8 meses? 

Isso acontece porque o nascimento com 32 semanas (7º mês) geralmente coincide com maior maturidade pulmonar e neurológica do que o nascimento no começo do 8º mês (cerca de 34 semanas), período em que alguns bebês ainda podem enfrentar instabilidade respiratória e dificuldade de coordenação da sucção. Além disso, a “curva de maturação” varia de bebê para bebê. Por isso, o acompanhamento médico individualizado é essencial. 

Cuidados com o bebê prematuro 

Os cuidados com o bebê prematuro começam nas primeiras horas após o nascimento e seguem por toda a infância, especialmente nos casos de prematuridade moderada, muito prematura ou extrema. O foco principal, no início, é substituir ou complementar funções que o útero ainda desempenharia, oferecendo um ambiente protegido, nutrição adequada e suporte ao desenvolvimento. 

Cuidados na UTI neonatal 

A internação em UTI neonatal é indicada quando o bebê ainda não apresenta maturidade suficiente para respirar com autonomia, manter a temperatura corporal ou se alimentar de forma eficiente. Nesses casos, uma equipe multiprofissional acompanha o recém-nascido de forma contínua, monitorando: 

  • Respiração (oxigenação e frequência) 
  • Controle térmico 
  • Alimentação (sonda ou leite materno adaptado) 
  • Controle de infecções 
  • Crescimento e ganho de peso 
  • Reflexos neurológicos 

Um dos métodos reconhecidos mundialmente por seu impacto positivo é o método canguru, que consiste no contato pele a pele entre o bebê e o cuidador. Além de fortalecer o vínculo afetivo, ele ajuda no controle da temperatura, na estabilização cardiorrespiratória e melhora a amamentação. 

Critérios de alta hospitalar 

A alta ocorre quando o bebê já apresenta estabilidade clínica e capacidade de manter funções básicas sozinho. Em geral, os critérios mais utilizados incluem: 

  • Consegue manter a temperatura corporal sem incubadora 
  • Ganha peso de forma contínua 
  • Consegue mamar (peito ou fórmula) com segurança 
  • Está clinicamente estável 
  • Não apresenta episódios frequentes de apneia 

O peso ideal de alta varia conforme o hospital e o perfil de risco, mas costuma ficar entre 1,8 kg e 2,2 kg. 

Cuidados em casa: o que muda na rotina 

Após a alta, a família assume o papel principal no cuidado. Esse é um momento de transição importante, em que surgem dúvidas e inseguranças — o que é natural. Algumas orientações tornam esse período mais seguro: 

Sono 

  • Preferencialmente em posição supina (de barriga para cima). 
  • Ambiente calmo, sem excesso de estímulos. 
  • Colchão firme, sem travesseiros ou protetores laterais. 

Alimentação 

  • Intervalos podem ser menores do que o habitual. 
  • Alguns bebês precisam de acompanhamento fonoaudiológico para sucção. 

Higiene e proteção 

  • Higienização cuidadosa das mãos dos cuidadores. 
  • Evitar ambientes fechados e aglomerações nos primeiros meses. 
  • Reduzir exposição a vírus respiratórios, especialmente no inverno. 

Checklist prático para casa 

Checklist prático para casa

>> Leia também sobre depressão pós-parto, sintomas e como buscar ajuda para superar 

Desenvolvimento do bebê prematuro: o que esperar? 

O desenvolvimento de um bebê prematuro ocorre em um ritmo diferente do de um bebê nascido a termo, principalmente nos primeiros meses. Por isso, os profissionais utilizam o conceito de idade corrigida — ou seja, a idade que o bebê teria se tivesse nascido na data prevista. 

Exemplo: 

  • Se o bebê nasceu com 32 semanas (8 semanas antes do termo completo), quando ele tiver 4 meses cronológicos, terá cerca de 2 meses de idade corrigida. 

Por quanto tempo a idade corrigida é usada? 

Em geral, até os 2 primeiros anos de vida, embora alguns pediatras utilizem correção até os 3 anos em prematuros extremos. 

Marcos de desenvolvimento 

Área  O que pode ser diferente  Quando observar 
Motor  Pode haver atraso para rolar, sentar e andar  Acompanhamento fisioterapêutico ajuda 
Alimentar  Dificuldade inicial na sucção ou coordenação  Apoio de fonoaudiólogo 
Cognitiva  Estímulos mais graduais  Interação, leitura, fala suave 
Social  Maior necessidade de contato físico  Método canguru e colo terapêutico 

Estimulação precoce 

O termo “estimulação precoce” se refere a intervenções realizadas ainda na primeira infância para favorecer o desenvolvimento motor, cognitivo e emocional. Isso pode envolver: 

  • Fisioterapia neuroevolutiva 
  • Fonoaudiologia para alimentação e linguagem 
  • Terapia ocupacional 
  • Brincadeiras guiadas e interação sensorial 

Essas intervenções não indicam deficiência, e sim potencialização do desenvolvimento. Quanto mais cedo o suporte é oferecido, maior a chance de evolução plena ao longo do tempo. 

Sequelas e complicações possíveis 

Apesar dos avanços da neonatologia terem aumentado de forma importante a taxa de sobrevivência de bebês prematuros — inclusive em casos extremos — o nascimento antecipado ainda pode estar associado a complicações de curto e longo prazo. O risco varia conforme a idade gestacional, o peso ao nascer e o tempo de internação. 

Complicações mais frequentes 

Tipo de complicação  Exemplos  Por que acontece 
Respiratórias  Síndrome do desconforto respiratório, apneias, displasia broncopulmonar  Pulmões imaturos 
Neurológicas  Hemorragia intracraniana, dificuldades motoras, paralisia cerebral em casos graves  Sistema nervoso ainda em desenvolvimento 
Visuais e auditivas  Retinopatia da prematuridade, alterações auditivas  Exposição precoce ao ambiente externo 
Metabólicas  Hipoglicemia, dificuldade de ganho de peso  Baixa reserva energética 
Imunológicas  Infecções recorrentes  Sistema imunológico imaturo 

É possível prevenir sequelas? 

Em muitos casos, sim. A principal forma de reduzir riscos é proteger o desenvolvimento após o nascimento, o que envolve: 

  • Cuidado especializado na UTI neonatal 
  • Uso do método canguru 
  • Aleitamento materno sempre que possível 
  • Evitar infecções nos primeiros meses 
  • Acompanhamento multidisciplinar regular 
  • Estimulação precoce orientada 

A combinação desses fatores melhora não apenas a sobrevida, mas também a qualidade de vida a longo prazo — inclusive em bebês considerados prematuros extremos. 

>> Leia também sobre o Agosto Doura do e a importância da amamentação 

Novembro Roxo: a campanha de conscientização 

O Novembro Roxo é o movimento internacional de sensibilização sobre a prematuridade. A data central é o dia 17 de novembro, conhecido como o Dia Mundial da Prematuridade, criado para alertar sobre as principais causas, consequências e formas de prevenção. 

A campanha destaca que a prematuridade não é apenas uma condição clínica: é também uma questão de saúde pública e acolhimento familiar. Ao dar visibilidade ao tema, iniciativas do Novembro Roxo reforçam a importância do pré-natal, do acesso a maternidades preparadas e do acompanhamento ao desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida. 

Mais do que uma data simbólica, o movimento lembra que cada semana importa no desenvolvimento intrauterino e que toda gestante deve ter acesso à informação de qualidade e apoio especializado. 

FAQ — Perguntas frequentes 

1. Qual o conceito de prematuridade segundo a OMS?

É quando o bebê nasce antes de 37 semanas completas de gestação.
 

2. Um bebê de 20 semanas pode sobreviver?

A medicina considera o “limite de viabilidade” entre 22 e 24 semanas, e mesmo nesses casos a sobrevida é muito baixa.

3. Quanto tempo o bebê é considerado prematuro?

O termo é utilizado até que o desenvolvimento seja equiparável ao de um bebê nascido a termo, o que costuma ocorrer até os 2 anos (idade corrigida), podendo se estender até os 3 anos em prematuros extremos.

4. Qual o peso ideal para um bebê prematuro sair do hospital?

A maioria das maternidades utiliza entre 1,8 kg e 2,2 kg como referência, associado à estabilidade clínica.

5. O que é parto pré-termo espontâneo?

É quando o trabalho de parto começa naturalmente antes das 37 semanas, sem indução médica.

6. Como cuidar de um bebê prematuro em casa?

É importante manter o ambiente tranquilo, seguir as orientações sobre amamentação, evitar aglomerações, monitorar ganho de peso, estimular o contato pele a pele e seguir consultas médicas frequentes.

 

Conclusão 

A prematuridade continua sendo um desafio global para a saúde materno-infantil, mas os avanços na assistência neonatal têm permitido que cada vez mais bebês prematuros cresçam com qualidade de vida. Informar-se é uma das formas mais eficazes de prevenir riscos, reconhecer sinais de alerta e oferecer aos recém-nascidos o suporte adequado em cada etapa do desenvolvimento. 

Ao compreender que cada semana importa e que o cuidado começa antes mesmo do nascimento, famílias e profissionais podem contribuir de forma ativa para um início de vida mais seguro, protegido e saudável. 

Ansiedade noturna: o que é, causas e como aliviar

Dormir bem é muito mais do que descansar. De acordo com a Academia Brasileira do Sono, o sono é considerado um dos três pilares básicos de saúde, ao lado da boa alimentação e da prática de atividade física.

No entanto, estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que 72% dos brasileiros enfrentam algum tipo de distúrbio do sono, entre eles a insônia e a ansiedade noturna. Isso significa que a maioria da população pode ter noites mal dormidas, sono de má qualidade e a saúde mental afetada por isso.

Neste artigo, você vai entender a relação entre sono e saúde mental, conhecer os principais distúrbios e dicas práticas que podem ajudar a melhorar a sua qualidade do sono e de vida.

Sono e saúde mental: relação de mão dupla

A qualidade do sono influencia diretamente a saúde mental, e o inverso também é verdadeiro. Essa relação cria um ciclo vicioso: distúrbios do sono e noites mal dormidas aumentam o risco de transtornos como ansiedade e depressão, enquanto o estresse, a ansiedade noturna e as alterações de humor dificultam o início e a manutenção de um sono reparador.

Romper esse ciclo é fundamental para prevenir doenças e melhorar o bem-estar de forma integral.

A importância do sono para a saúde física e mental

O sono funciona como um reset do organismo. Durante a noite, o corpo realiza processos fundamentais, como:

  • reforço do sistema imunológico: fortalecimento do sistema de defesa, proteção e combate a microrganismos externos;
  • recuperação muscular e celular: regeneração das células e reparo dos músculos de todo o corpo;
  • consolidação da memória e do aprendizado: as informações adquiridas no dia são organizadas;
  • regulação hormonal: equilíbrio dos hormônios relacionados ao apetite, estresse e metabolismo.

 

> Aprenda aqui a reconhecer quando o estresse se aproxima.

 

Já na saúde mental, o sono é responsável pelo equilíbrio emocional: regula o humor e traz clareza cognitiva. Noites mal dormidas intensificam sintomas, como a ansiedade noturna, depressão e irritabilidade além de reduzirem a capacidade de lidar com o estresse.

Efeitos de noites mal dormidas

O artigo Impacto dos transtornos do sono sobre o funcionamento diário e a qualidade de vida, publicado pela UnB, mostra que o descanso tem papel tão relevante para a saúde em geral que apenas uma noite de sono insuficiente pode causar prejuízos perceptíveis ao corpo e à mente, como:

  • cansaço e fadiga;
  • dificuldade de concentração;
  • alterações no humor;
  • produtividade reduzida.

E, quando as noites mal dormidas se tornam frequentes, os impactos são ainda mais sérios, causando:

  • problemas cardiovasculares: aumento do risco de hipertensão, infartos e AVC;
  • alterações metabólicas: obesidade, resistência à insulina e diabetes tipo 2;
  • déficits cognitivos: memória comprometida e maior risco de demências;
  • fragilidade imunológica, tornando o corpo mais suscetível a infecções;
  • maior risco de transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão.

O que é insônia?

A insônia é o distúrbio do sono mais prevalente. Trata-se da dificuldade de iniciar ou manter o sono, ou ainda de despertar antes do horário desejado e não conseguir voltar a dormir. As principais manifestações são:

  • insônia inicial: dificuldade em adormecer;
  • despertar precoce: acordar muito cedo e não conseguir voltar a dormir;
  • insônia de manutenção: despertares frequentes durante a noite;
  • resistência ao sono: dificuldade em respeitar os horários adequados de descanso.

Insônia primária x Insônia relacionada à ansiedade

Sabe quando você se deita para dormir, mas algum barulho externo atrapalha? Ou quando você se deita, mas sua mente não desliga? Ambos os cenários configuram uma insônia, mas de tipos diferentes. Saber identificar a diferença é fundamental para definir o tratamento adequado.

O artigo Tipos de insônia, publicado na AbcMed, mostra que a insônia primária está ligada a hábitos inadequados de sono, predisposição genética, ritmo circadiano alterado ou fatores ambientais. Esse tipo de insônia, também conhecida como “pura”, acontece de forma isolada, ou seja, não tem conexão com outros transtornos mentais ou físicos. Nesse caso, a ansiedade não é o fator que origina ou mantém a dificuldade de dormir, e uma recomendação é fazer a higiene do sono.

Já a insônia associada à ansiedade envolve sintomas emocionais intensos e geralmente se inicia com preocupações recorrentes, pensamentos acelerados e ruminação mental. Esses sintomas causam a sensação de alerta, coração acelerado e tensão dos músculos. A ansiedade pode, portanto, ser a causa e consequência desse tipo de insônia: dificulta o sono e a falta de sono de qualidade eleva sua intensidade.

Pesquisas mostram que, nesse cenário, é preciso associar intervenções para reduzir o estresse, como terapia cognitivo-comportamental, técnicas de respiração e relaxamento. Se necessário, use medicamentos com direcionamento médico.

Quando a insônia acontece no mínimo três vezes por semana, já é configurada como quadro de insônia crônica uma vez que o impacto não é só no descanso – interfere nas relações, no humor, na produtividade e na concentração.

Ansiedade noturna: como lidar?

A ansiedade noturna é a intensificação de sintomas ansiosos no período da noite, quando a mente fica mais acelerada, surgem preocupações repetitivas e o corpo entra em estado de alerta, dificultando iniciar e manter o sono.

Diferente da insônia primária, aqui o gatilho principal é emocional: ruminação, estresse acumulado e medo de “não conseguir dormir” alimentam o ciclo.

Por que aparece? À noite há menos distrações e maior silêncio, o que amplia a atenção para pensamentos e sensações corporais. Telas, hábitos alimentares e horários desregulados reforçam a ansiedade noturna.

Variações do ritmo circadiano e comorbidades como apneia também podem piorar o quadro.

Para reconhecer os sinais de ansiedade noturna, você pode observar se ocorre o seguinte:

  • Mente agitada, não consegue “desligar”.
  • Tensão muscular.
  • Respiração curta.
  • Dificuldade para adormecer.
  • Despertares acompanhados de preocupação.

Quem sofre de ansiedade noturna, ainda pode sentir no dia seguinte cansaço, como se não tivesse dormido, irritabilidade e queda no foco para executar até tarefas simples.

Principais distúrbios do sono

O sono de qualidade ruim pode ocorrer também por outras condições que vão além da insônia, como:

  • apneia obstrutiva do sono: são as pausas na respiração durante a noite que interrompem o sono pela falta de oxigenação do corpo;
  • distúrbios do ritmo circadiano: alterações que acontecem no relógio biológico que regula o sono, mais comuns em pessoas que trabalham no período da noite, em turnos alternados, e pelo uso de telas durante a noite;
  • hipersonia: mesmo após uma longa noite de descanso, o sono diurno é excessivo. Essa condição pode estar ligada a condições neurológicas.

Dicas para melhorar a qualidade do sono e proteger a sua saúde mental

As desregulações e os distúrbios do sono podem comprometer a saúde mental e desencadear transtornos emocionais.

A boa notícia é que existem diversos caminhos para melhorar a qualidade do sono, como adaptar o seu estilo de vida, incluindo boas práticas e hábitos saudáveis. Você pode começar com pequenas mudanças no dia a dia. Confira!

  • Tome sol: a exposição de 15 a 20 minutos à luz natural pela manhã ajuda a regular o relógio biológico e favorece a produção de melatonina à noite.
  • Não tire sonecas longas: cochilos de mais de 30 minutos de dia afetam o sono noturno e podem desregular o ritmo circadiano.
  • Jante mais cedo e mais leve: comer no máximo 3 horas antes de dormir e consumir uma alimentação leve à noite facilita a digestão sem impactar no sono.
  • Faça atividades físicas: a prática regular de exercícios moderados (como caminhada ou yoga) melhoram a qualidade do sono. O ideal é que os exercícios sejam feitos até 4 horas antes de dormir para não gerar o efeito contrário. Confira aqui os benefícios da caminhada para saúde mental e física.
  • Evite o uso de substâncias: o álcool pode até dar certa sonolência inicialmente, mas prejudica as fases mais profundas do sono. A nicotina é naturalmente um estimulante e atrapalha a indução do sono.
  • Faça a higiene do sono: crie rituais noturno Banhos mornos, meditações e leituras ajudam a sinalizar para o corpo que é hora de descansar.

 

> Confira nosso post sobre Higiene do Sono e saiba como criar sua rotina.

 

Em caso de insônia intensa e crônica, a terapia cognitivo-comportamental para insônia tende a ser um tratamento de primeira linha que ajuda a modificar comportamentos e pensamentos que atrapalham o sono.

Confira aqui as recomendações da psicóloga Luisa Albertino para acalmar a mente antes de dormir:

 

Dormir bem não é luxo, é saúde

No Brasil, os altos índices de distúrbios do sono mostram que é urgente repensar hábitos e valorizar cada vez mais o descanso diário e a saúde de forma integral.

O sono de qualidade contribui para regular o corpo, equilibrar a mente e fortalecer sua qualidade de vida. Ignorar o descanso afeta humor, memória e produtividade, e também aumenta o risco de doenças físicas e mentais.

Ao cuidar do seu sono, incluir hábitos saudáveis na rotina e buscar ajuda quando necessário, você está investindo em si mesmo.

FAQ | Principais dúvidas sobre ansiedade noturna.

Quais os sintomas da ansiedade noturna?

Mente acelerada, preocupação persistente, sensação de alerta, taquicardia e tensão muscular, com dificuldade para adormecer ou manter o sono; no dia seguinte, cansaço, irritabilidade e queda de concentração.

Por que minha ansiedade só ataca à noite?

À noite há menos distrações e mais silêncio, o que amplia a ruminação; além disso, hábitos como telas e cafeína tardias aumentam a ativação.

O que fazer quando não consegue dormir por ansiedade?

Se não pegar no sono em ~20 minutos, levante-se, faça algo calmo em luz baixa, pratique respiração lenta ou relaxamento, anote preocupações e só volte à cama quando a sonolência retornar.

Como tratar a insônia causada pela ansiedade?

É importante identificar a causa, ou seja, a raiz do problema que leva você a ter ansiedade noturna. Terapias combinadas com higiene do sono, controle de estímulos e reestruturação de pensamentos, costumam ser recomendados. Some a isso luz solar de manhã, exercícios em horário adequado e alimentação equilibrada.

O que é insônia emocional?

Insônia emocional é a dificuldade de iniciar ou manter o sono devido estresse, luto ou preocupações. Esses sintomas aceleram a mente e impedem o relaxamento, melhorando quando o gatilho é tratado e a rotina de sono é ajustada.

O que noites mal dormidas podem causar?

No curto prazo, fadiga, mau humor e lapsos de memória; no médio e longo prazo, maior risco de ansiedade e depressão, piora cardiovascular e metabólica, imunidade reduzida e problemas de desempenho cognitivo.

Envelhecimento saudável começa hoje: cuidados integrados para viver mais e melhor

O mundo está envelhecendo rapidamente: até 2030, 1 em cada 6 pessoas terá mais de 60 anos de acordo com a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, o envelhecimento é acelerado. Segundo dados do IBGE, 32,1 milhões de brasileiros já têm 60 anos ou mais, o que representa 15,8% da população, e a curva segue em alta.

Diante dessa realidade, envelhecimento saudável não é só viver mais, mas viver melhor com autonomia, participação social e qualidade de vida. A boa notícia? Isso se constrói ao longo da vida, e não apenas na terceira idade.

Neste artigo, vamos explicar o que é envelhecimento saudável, como ele se relaciona à longevidade e quais cuidados podem ser adotados desde já para chegar à velhice com mais saúde, autonomia e qualidade de vida. Também abordaremos os principais problemas de saúde que afetam os idosos e as estratégias de prevenção e também responderemos às dúvidas mais comuns sobre o tema.

O que é “envelhecimento saudável”?

A Organização Pan-Americana da Saúde define envelhecimento saudável como um processo contínuo de otimização da habilidade funcional e das oportunidades para manter e melhorar a saúde física e mental, promovendo independência e qualidade de vida ao longo da vida.

Em outras palavras: é criar condições, desde cedo, para que possamos fazer o que valorizamos — trabalhar, conviver, aprender, nos mover, decidir — com segurança e autonomia.

O que é longevidade?

Longevidade é o aumento dos anos de vida. Envelhecimento saudável é dar qualidade a esses anos. A Década do Envelhecimento Saudável (2021–2030), da OMS, organiza esforços em quatro frentes:

  1. combater o idadismo;
  2. tornar comunidades mais amigas da pessoa idosa;
  3. oferecer cuidado integrado e centrado na pessoa;
  4. garantir cuidados de longa duração quando necessários.

Como cuidar hoje para chegar à velhice com saúde

Cuidar-se ao longo da vida significa adotar hábitos consistentes e sustentáveis que favoreçam o bem-estar físico, mental e social. Isso envolve manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas regularmente, investir na qualidade do sono, cultivar relacionamentos saudáveis, estimular a mente com aprendizado contínuo e estar atento à saúde emocional.

Também inclui realizar check-ups periódicos, manter a vacinação em dia e buscar acompanhamento médico sempre que necessário. Somadas, essas atitudes criam a base sólida para reduzir o risco de doenças crônicas, preservar a autonomia e garantir um envelhecimento ativo, participativo e com qualidade de vida. Confira lista de cuidados que serve para a vida toda.

Alimentação: baseie sua dieta em alimentos in natura e minimamente processados; priorize fibras, leguminosas, frutas, verduras e proteínas de boa qualidade.

Movimento diário: ao menos de 150 a 300 minutos por semana de atividade aeróbica + treino de força (de 2 a 3 vezes por semana) + exercícios de equilíbrio e mobilidade.

Sono: regularidade de horários e higiene do sono.

Saúde mental: terapia quando necessário, manejo de estresse, lazer, espiritualidade/propósito.

Relações: conexões afetivas e participação em grupos/comunidade estão associadas a melhor qualidade de vida e envelhecimento mais ativo.

Prevenção: check-ups, vacinação conforme calendário, rastreios indicados por faixa etária e risco.

Hábitos nocivos: não fumar, moderar álcool, controlar peso, pressão, glicemia e lipídios.

Segurança: adaptar ambientes (casa e trabalho) para reduzir risco de quedas e acidentes

Para entender como envelhecer de forma saudável, é essencial considerar o cuidado integral, que envolve corpo, mente e vínculos sociais. Esse olhar completo é o que garante uma velhice com mais equilíbrio e autonomia.

Cuidado integral: mente e corpo

O envelhecimento ativo e saudável não se limita à ausência de doenças. Ele depende de um cuidado integral, que considera a pessoa em todas as suas dimensões: corpo, mente e relações sociais. Isso significa olhar para os aspectos biológicos (saúde física, nutrição, sono, prevenção de doenças), psicológicos (emoções, cognição, saúde mental) e sociais (família, trabalho, comunidade e pertencimento).

Pessoas não envelhecem de forma isolada: elas vivem em contextos reais, cheios de interações e demandas. Por isso, é preciso combinar atividade física regular, estimulação cognitiva, acompanhamento médico personalizado, suporte emocional e incentivo à participação comunitária, pois é todo esse conjunto de questões que impactam na manutenção da autonomia e da qualidade de vida.

Esse cuidado integral também envolve planejamento e prevenção: desde check-ups periódicos até estratégias de promoção de saúde mental, passando por orientação nutricional e incentivo ao convívio social.

Estudos mostram que indivíduos engajados em práticas de autocuidado e em vínculos sociais significativos apresentam menor risco de desenvolver doenças crônicas, depressão e declínio cognitivo.

Confira, em vídeo, a explicação do Dr. Fernando Gomes Pinto sobre como atividades manuais agem em nosso cérebro:

Problemas comuns entre idosos (e por que prevenir cedo)

Muitas condições que impactam a saúde dos idosos aparecem (ou pioram) na velhice, mas começam a ser “construídas” décadas antes — pela soma de hábitos, ambiente, genética e acesso ao cuidado. Prevenir cedo ajuda a manter autonomia, evitar complicações e reduzir polifarmácia no futuro.

Doenças cardiovasculares (hipertensão, infarto, AVC, insuficiência cardíaca)

O que são: alterações no coração e vasos sanguíneos que aumentam risco de infarto, AVC e internações; muitas vezes evoluem de forma silenciosa.

Como prevenir

  • Controlar pressão arterial, colesterol, glicemia; não fumar.
  • Praticar atividade física regular + treino de força; manter peso saudável e sono adequado.
  • Alimentação cardioprotetora (menos ultraprocessados/sódio; mais fibras, leguminosas, verduras, frutas).
  • Acompanhamento médico, adesão a tratamento e revisão periódica de metas.

Quedas e fragilidade

O que são: perda de força, equilíbrio e velocidade de marcha que aumenta risco de quedas, fraturas e perda de autonomia.

Como prevenir

  • Treino de força e equilíbrio (ex.: musculação orientada, Tai Chi, exercícios funcionais).
  • Revisar medicações que causem tontura/sonolência; avaliar visão e audição.
  • Adaptar a casa: barras de apoio, boa iluminação, retirar tapetes soltos e obstáculos, calçado firme.

Doenças respiratórias (gripe, pneumonia etc.)

O que são: infecções e condições crônicas que comprometem pulmões; em idosos tendem a ser mais graves.

Como prevenir

  • Vacinação atualizada (influenza, pneumocócica, covid-19, conforme orientação).
  • Não fumar e evitar poluição/poeiras; manter atividade física e, quando indicado, reabilitação pulmonar.
  • Tratar precocemente sintomas respiratórios e manter hidratação.

Diabetes tipo 2

O que é: dificuldade do corpo em usar/produzir insulina adequadamente, elevando a glicose e o risco de complicações vasculares e neurológicas.

Como prevenir

  • Peso saudável, alimentação com controle de carboidratos simples e ultraprocessados.
  • Exercício regular (aeróbico + força) melhora sensibilidade à insulina.
  • Rastreamento periódico (glicemia/HbA1c) e manejo precoce de pré-diabetes.

Transtornos mentais e neurodegenerativos (depressão, Alzheimer, Parkinson)

O que são: condições que afetam humor, cognição, memória e movimentos; impactam autonomia e qualidade de vida.

Como prevenir/retardar

  • Conexão social, propósito, lazer e estímulo cognitivo (aprender coisas novas).
  • Tratar perda auditiva/visual; sono de qualidade; controle de fatores cardiometabólicos.
  • Procurar avaliação ao notar sinais de alerta (tristeza persistente, apatia, esquecimentos que afetam o dia a dia, tremores/lentidão).

Osteoporose

O que é: perda de massa/qualidade óssea que aumenta o risco de fraturas, especialmente de quadril e coluna.

Como prevenir

  • Exercícios com impacto e treino de força; exposição solar segura (vitamina D).
  • Ingestão adequada de cálcio e proteínas; avaliar necessidade de suplementação.
  • Rastreio (densitometria) conforme idade/risco e tratamento quando indicado.

Condições sensoriais (catarata, perda auditiva)

O que são: alterações de visão e audição que elevam risco de quedas, isolamento social e declínio cognitivo.

Como prevenir

  • Consultas periódicas com oftalmologista e otorrinolaringologista; uso de óculos e aparelhos auditivos quando indicados.
  • Controle de diabetes e hipertensão (protegendo retina e vasos).
  • Cirurgia de catarata quando indicada para recuperar visão e autonomia.

Confira também: a nadadora master Fabienne Guttin aponta como pequenos hábitos diários podem fazer diferença na sua vida:

FAQ – principais dúvidas sobre envelhecimento saudável

Confira as principais dúvidas que podem surgir quando se trata de como envelhecer de forma saudável:

1) Envelhecimento saudável é só para quem já tem 60+?

Não. É um processo ao longo da vida. Decisões tomadas aos 20, 30, 40 e 50 anos impactam diretamente sua saúde futura.

2) O que é mais importante: viver mais ou viver melhor?

Os dois. Longevidade sem qualidade de vida não basta. O objetivo é manter habilidade funcional e autonomia para fazer o que você valoriza.

3) Quais exames e check-ups devo fazer?

Depende da idade, do sexo e de fatores de risco. Em geral, controle de pressão, glicemia, perfil lipídico, saúde óssea, rastreios oncológicos quando indicados e vacinação em dia.

4) Quedas são “normais” na velhice?

Não são “normais”, mas são frequentes e preveníveis com treino de força e equilíbrio, ajustes no lar, revisão de medicações e avaliação de visão e calçados.

5) Por que precisamos ter foco no coração?

Porque as doenças cardiovasculares seguem como principal causa de morte no País — e muitas são evitáveis com hábitos saudáveis e tratamento adequado.

6) O papel da comunidade importa?

Sim. Participação social e pertencimento estão associados à melhor qualidade de vida e ao envelhecimento mais ativo. Por isso, ao longo da vida vale investir em grupos, cursos e redes de apoio.

Protagonismo que começa hoje

Envelhecer bem é um projeto de vida que se constrói diariamente, por meio de escolhas conscientes relacionadas à alimentação, ao movimento, ao sono, às relações e à prevenção. Cada decisão contribui para manter autonomia, vitalidade e alcançar uma longevidade saudável, permitindo que a velhice seja vivida com mais qualidade.

Assumir esse protagonismo é fundamental, mas não deve ser feito sozinho. Contar com acompanhamento médico especializado e com  plano de saúde preparado para oferecer cuidado integral — unindo corpo e mente — é o caminho para garantir suporte em todas as fases da vida e transformar longevidade em bem-estar real. Cuide do seu agora!

Afasia: o que é, sintomas, tipos, diagnóstico e tratamento

A afasia é um distúrbio que compromete a capacidade de compreender e expressar a linguagem, afetando diretamente a comunicação.  

Embora o termo ainda seja pouco conhecido fora do meio médico, essa condição é mais comum do que se imagina, especialmente em pessoas que sofreram acidente vascular cerebral (AVC) ou algum tipo de lesão cerebral. 

Neste artigo, você vai entender o que é afasia, suas principais causas e sintomas, além de descobrir como ela se diferencia de outras condições neurológicas.  

Também vamos abordar o processo de diagnóstico, as possibilidades de tratamento e compartilhar dicas práticas para lidar com os desafios do dia a dia. Aproveite e boa leitura! 

 

O que é afasia? 

A afasia é um distúrbio da fala e da linguagem causado por alterações neurológicas. Em termos simples, é quando o cérebro encontra dificuldades para processar a comunicação verbal e escrita. Isso pode se refletir na fala, na compreensão do que é dito, na leitura e até na escrita. 

A palavra vem do grego a (sem) + phasis (fala), ou seja, literalmente significa “sem fala”. Porém, a afasia vai muito além de não conseguir falar: ela pode se apresentar de diferentes formas, dependendo da área cerebral afetada. 

É importante destacar que a afasia não está relacionada à inteligência da pessoa. O paciente continua capaz de raciocinar, mas encontra obstáculos para transformar pensamentos em palavras ou interpretar o que ouve e lê. 

Qual a diferença entre afasia e disfasia? São a mesma coisa? 

  • Afasia é um termo usado nas áreas da medicina e neurologia e descreve a perda parcial ou total da linguagem. Isso acontece por causa de uma lesão cerebral adquirida. 
  • Disfasia é utilizada para se referir a distúrbios do desenvolvimento da linguagem, geralmente identificados na infância. 

No dia a dia, os dois termos são confundidos ou vistos como sinônimos. É importante entender essa diferença para evitar erros de interpretação. 

Assim, quando falamos de afasia neurológica, estamos falando de uma condição que se adquire ao longo da vida. Geralmente, isso ocorre após um evento que afetou o cérebro.  

 

Causas da afasia 

A afasia é sempre causada por um problema neurológico. Esse problema afeta áreas do cérebro que controlam a linguagem. Estas estão principalmente no hemisfério esquerdo, como a área de Broca e a área de Wernicke. 

Veja, a seguir, as principais causas da afasia:

1. Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O AVC é a causa mais comum da afasia. Quando ocorre uma interrupção ou redução do fluxo sanguíneo cerebral, as células nervosas responsáveis pela linguagem podem sofrer danos. A gravidade da afasia vai depender da extensão da lesão e do tempo de resposta no tratamento. 

2. Traumatismo cranioencefálico

Batidas fortes na cabeça, acidentes de trânsito ou quedas podem gerar lesões cerebrais que comprometem as áreas da linguagem. Nesses casos, a afasia pode ser temporária ou permanente, dependendo do grau do trauma. 

3. Tumores cerebrais

O crescimento de tumores em regiões relacionadas à linguagem pode comprimir tecidos cerebrais e gerar dificuldades de comunicação. Tanto tumores benignos quanto malignos podem estar associados ao desenvolvimento da afasia. 

4. Infecções e inflamações cerebrais

Condições como encefalite e abscessos cerebrais, embora menos comuns, também podem afetar o funcionamento da linguagem. 

5. Doenças neurodegenerativas

Em alguns casos, a afasia está ligada a doenças de progressão lenta, como na afasia progressiva primária (APP). Esse tipo específico está associado à degeneração gradual de regiões do cérebro e pode ser confundido com outras doenças, como o Alzheimer. 

Por isso, muitas vezes o termo afasia neurológica é usado para reforçar que a origem está diretamente ligada a alterações cerebrais. Independentemente da causa, quanto mais cedo ocorre o diagnóstico, maiores são as chances de reabilitação.  

 

Tipos de afasia 

A afasia pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da região do cérebro afetada. Para organizar essa classificação, os especialistas geralmente dividem em afasias fluentes e não fluentes. 

Afasias fluentes 

Nas afasias fluentes, a pessoa consegue falar em ritmo normal, mas o conteúdo da fala pode ter erros, trocas de palavras ou falta de sentido. A compreensão costuma estar prejudicada. 

Afasia de Wernicke (ou receptiva) 

  • Característica principal: fala com ritmo normal, mas sem sentido. 
  • O paciente pode inventar palavras ou trocar termos, dificultando a compreensão. 
  • A pessoa geralmente não percebe que está falando de forma confusa. 

Afasia de condução 

  • O paciente consegue compreender bem e fala de forma relativamente fluente. 
  • O problema está em repetir palavras ou frases: quando solicitado, apresenta grande dificuldade. 

Afasia anômica (ou nominal) 

  • Dificuldade em encontrar as palavras certas (principalmente substantivos). 
  • A fala é compreensível, mas marcada por pausas e substituições, como “coisa” ou “aquilo”. 

Afasia transcortical sensorial 

  • Muito parecida com a afasia de Wernicke, mas com a diferença de que o paciente consegue repetir palavras e frases com facilidade. 

Afasias não fluentes 

Nas afasias não fluentes, a produção de fala é limitada, lenta e com esforço. A compreensão, por outro lado, tende a ser preservada em maior grau. 

Afasia de broca (ou expressiva) 

  • A fala é curta, com frases incompletas e muito esforço. 
  • O paciente compreende bem o que ouve, mas tem dificuldade para transformar pensamento em palavras. 
  • Muitas vezes, a pessoa está consciente da sua limitação, o que pode gerar frustração. 

Afasia global 

  • É a forma mais grave de afasia. 
  • A pessoa apresenta grandes dificuldades tanto para falar quanto para compreender. 
  • Geralmente ocorre em lesões extensas no hemisfério esquerdo. 

Afasia transcortical motora 

  • Muito semelhante à afasia de Broca, mas o paciente consegue repetir palavras e frases. 
  • O discurso espontâneo, entretanto, é muito limitado. 

Afasia progressiva primária (APP) 

Diferente das demais, a APP não é causada por um evento súbito (como AVC), mas sim por doenças neurodegenerativas. 

  • Os sintomas aparecem de forma lenta e gradual. 
  • Aos poucos, a pessoa perde a capacidade de se expressar ou compreender a linguagem. 
  • Muitas vezes é confundida com Alzheimer ou outras demências, mas tem características próprias. 

Sintomas

Os sintomas da afasia variam de acordo com o tipo e a gravidade da lesão cerebral. Em linhas gerais, a condição afeta a produção da fala, a compreensão da linguagem, a leitura e a escrita. 

Confira os sinais mais comuns. 

1. Dificuldades na fala (afasia da fala)

  • Frases curtas e incompletas. 
  • Uso incorreto de palavras (por exemplo, dizer “copo” em vez de “mesa”). 
  • Trocas de sons ou sílabas (parafasias). 
  • Invenção de palavras inexistentes (neologismos). 
  • Fala arrastada, lenta e com esforço (especialmente na afasia de Broca). 

2. Problemas de compreensão

  • Dificuldade em entender o que os outros dizem, especialmente quando a fala é rápida ou complexa. 
  • Em alguns casos, o paciente pode ouvir normalmente, mas não consegue atribuir significado às palavras. 

3. Alterações na leitura e na escrita

  • Perda parcial ou total da capacidade de ler e compreender textos. 
  • Escrita com erros de gramática, trocas de palavras e frases sem sentido. 

4. Repetição comprometida

  • Alguns tipos de afasia dificultam a repetição de frases simples (como na afasia de condução). 
  • Em outros casos, a repetição está preservada (como na transcortical). 

5. Percepção da dificuldade

  • Em certos tipos, como a afasia de Broca, a pessoa percebe sua limitação e pode ficar frustrada. 
  • Já na afasia de Wernicke, o paciente geralmente não tem consciência de que está falando de forma incoerente. 

É fundamental lembrar que a afasia não afeta a inteligência, mas sim a capacidade de transformar pensamentos em linguagem. Isso significa que, mesmo diante das dificuldades de comunicação, a pessoa continua raciocinando e compreendendo o mundo ao seu redor.  

 

>> Leia sobre névoa mental, fenômeno que compromete a clareza de raciocínio 

 

Diagnóstico de afasia 

O diagnóstico da afasia é feito por meio de uma combinação de avaliação clínica, testes específicos de linguagem e exames de imagem. O objetivo é identificar a presença do distúrbio, determinar o tipo de afasia e compreender a causa da lesão cerebral. 

1. Avaliação clínica inicial

O primeiro passo é realizado por médicos (geralmente neurologistas) e fonoaudiólogos. Eles observam: 

  • se a fala é fluente ou não fluente; 
  • a capacidade de compreender instruções simples; 
  • o uso de palavras corretas ou trocadas; 
  • a articulação e o ritmo da fala. 

Essa análise já permite levantar hipóteses sobre o tipo de afasia. 

2. Testes de linguagem e neuropsicológicos

São aplicados protocolos que avaliam diferentes habilidades. 

  • Nomeação: pedir para a pessoa nomear objetos ou imagens. 
  • Repetição: repetir palavras ou frases. 
  • Compreensão: seguir comandos simples e complexos. 
  • Fluência verbal: avaliar o número de palavras que consegue produzir em um tempo curto. 
  • Leitura e escrita: verificar a capacidade de compreender textos e escrever frases. 

Esses testes ajudam a diferenciar, por exemplo, se a dificuldade é maior na expressão ou na compreensão. 

3. Exames de imagem cerebral

Para confirmar a causa da afasia, são realizados exames de imagem, como: 

  • tomografia computadorizada (TC): muito usada em casos de AVC agudo; 
  • ressonância magnética (RM): fornece mais detalhes sobre a área e a extensão da lesão. 

Esses exames ajudam a localizar a região afetada do cérebro, o que auxilia tanto no diagnóstico quanto no planejamento do tratamento. 

4. Exames complementares

Em alguns casos, podem ser pedidos exames de sangue, EEG e avaliações do coração. Isso ajuda a investigar causas como infecções ou problemas na circulação do cérebro. 

Tratamento e prognóstico 

O tratamento da afasia é centrado na fonoaudiologia, que estimula fala, compreensão, leitura e escrita com exercícios específicos. O início precoce da terapia é fundamental para melhores resultados. 

Em casos mais complexos, a reabilitação envolve também neurologistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais, garantindo o cuidado multidisciplinar. 

O apoio da família é muito importante. Paciência e empatia são essenciais. Usar estratégias de comunicação alternativa, como gestos, aplicativos e quadros de palavras, ajuda a diminuir o isolamento do paciente. 

Quem tem afasia pode voltar a falar? 

Sim. Muitos pacientes conseguem recuperar parcial ou totalmente a fala, dependendo da gravidade da lesão e do engajamento no tratamento. Mesmo nos casos mais severos, a reabilitação melhora a qualidade de vida. 

Dicas práticas para conviver 

Conviver com alguém que tem afasia exige paciência, empatia e adaptação. Pequenas mudanças no modo de se comunicar podem facilitar bastante a vida do paciente e também reduzir a frustração de familiares e cuidadores. 

  • Fale de forma simples e devagar: use frases curtas, claras e dê tempo para a resposta. 
  • Olhe nos olhos: contato visual ajuda na concentração e transmite confiança. 
  • Use gestos e recursos visuais: apontar, escrever ou desenhar facilita a compreensão. 
  • Não corrija toda hora: valorize a mensagem, mesmo que a fala não esteja perfeita. 
  • Tenha paciência: respeite o ritmo da conversa. 
  • Inclua o paciente nas interações: manter a participação social é parte do tratamento.  

Perguntas frequentes sobre afasia:

O que é um paciente com afasia?  

É uma pessoa que sofreu uma lesão cerebral (geralmente por AVC, trauma ou doença neurológica) e apresenta dificuldade de falar, compreender, ler ou escrever. 

Qual exame detecta afasia?  

O diagnóstico é clínico, com testes de linguagem e exames de imagem como tomografia e ressonância magnética. 

Qual a diferença entre afasia e Alzheimer? 

Na afasia, o principal problema é a comunicação. No Alzheimer, além da linguagem, há comprometimento de memória, raciocínio e outras funções cognitivas. 

Quais são os tipos de afasia? 

Principais: de Broca, de Wernicke, global, de condução, anômica, transcorticais e a progressiva primária. 

Qual a afasia mais grave?  

A afasia global, que compromete tanto a fala quanto a compreensão. 

A afasia é um distúrbio da comunicação que, apesar de desafiador, pode ser tratada e controlada com diagnóstico precoce e acompanhamento especializado. Por isso, informação, prevenção e apoio familiar são imprescindíveis para garantir qualidade de vida ao paciente. 

 

Referências: 

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Afasia. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/afasia/  
  1. CUF. Afasia: o que é, sintomas e tratamento. Disponível em: https://www.cuf.pt/saude-a-z/afasia  
  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Pouco conhecida e muito comum em idosos, afasia tem tratamento integral e gratuito no SUS. Brasília, 5 abr. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/abril/pouco-conhecida-e-muito-comum-em-idosos-afasia-tem-tratamento-integral-e-gratuito-no-sus  
  1. Scielo. Intervenções em afasia: uma revisão integrativa. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcefac/a/xdSTnMzwDxY9s6pYcP4ZvKm/?format=html&lang=pt  
  1. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. Entenda o que é afasia, condição que causa um distúrbio de linguagem. Disponível em: https://prefeitura.sp.gov.br/web/saude/w/noticias/327415  
  1. Scielo. Afasia pós-traumática. Disponível em: https://www.scielo.br/j/anp/a/BvzLX5YRXBXsFd5wFqtgsnq/?format=html&lang=pt  

Saúde do coração: como cuidar e manter o bem-estar cardiovascular

As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no mundo. E no Brasil não é diferente. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, todos os anos mais de 400 mil pessoas perdem a vida por problemas relacionados ao coração e ao sistema circulatório.  

Apesar dos números, a Organização Mundial da Saúde aponta que até 80% desses casos poderiam ser evitados com hábitos saudáveis e acompanhamento médico regular. 

O Dia Mundial do Coração, celebrado em 29 de setembro, é parte da campanha global Setembro Vermelho, criada em 2000 pela Federação Mundial do Coração em parceria com a ONU. O objetivo é ampliar o acesso à informação, reforçar a importância da prevenção e incentivar pessoas de todas as idades a adotarem hábitos mais saudáveis. 

Neste artigo, você vai entender o que significa ter boa saúde cardiovascular, quais sinais merecem atenção, os principais fatores de risco e, sobretudo, como cuidar do coração no dia a dia. 

O que é saúde cardiovascular e por que ela importa? 

A expressão saúde cardiovascular se refere ao bom funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos, responsáveis por levar oxigênio e nutrientes a todo o corpo. 

Quando o coração está saudável: 

  • o sangue circula de forma eficiente; 
  • a pressão arterial se mantém estável; 
  • os níveis de colesterol e glicose ficam equilibrados. 

Quando há alterações nesse sistema, aumentam as chances de desenvolver doenças cardiovasculares, como infarto, AVC, insuficiência cardíaca e hipertensão. 

Por que importa? Porque o coração é o motor do corpo. Se ele falha, todas as funções vitais ficam comprometidas. 

Principais sinais de alerta do coração 

Antes de qualquer coisa, é fundamental reconhecer os sintomas que indicam risco à saúde cardiovascular. Fique atento a: 

  • dor ou pressão no peito (angina); 
  • falta de ar em repouso ou esforço leve; 
  • palpitações (batimentos acelerados ou irregulares); 
  • inchaço nos tornozelos, nos pés ou no abdômen; 
  • fadiga excessiva e indisposição; 
  • desmaios ou tontura frequente. 

Importante: dor no peito irradiada para braço, costas, mandíbula ou pescoço, acompanhada de suor frio e náuseas, pode ser sinal de infarto. Procure atendimento imediato. 

 Fatores de risco para doenças cardíacas 

As doenças cardiovasculares têm origem em múltiplos fatores. Alguns podem ser modificados com mudanças de hábitos, outros não. 

Alteráveis (controláveis) 

Sedentarismo: realizar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana diminui o risco de hipertensão e obesidade.  

Alimentação inadequada: dietas ricas em sal, açúcar, frituras e ultraprocessados favorecem colesterol alto, diabetes e pressão elevada. 

Tabagismo: fumar aumenta em até 70% o risco de infarto e acelera o envelhecimento das artérias. 

Consumo excessivo de álcool: pode elevar a pressão arterial, causar arritmias e comprometer o fígado. 

Obesidade: o excesso de gordura corporal sobrecarrega o coração e está associado à resistência à insulina. 

Diabetes mal controlada: níveis elevados de glicose danificam vasos sanguíneos e aumentam o risco de aterosclerose. 

Hipertensão arterial: pressão constantemente acima de 13/8 mmHg dobra o risco de AVC e infarto. 

Não alteráveis 

Idade: o risco cresce a partir dos 50 anos, especialmente após a menopausa nas mulheres. 

Histórico familiar: ter parentes de primeiro grau com doença cardíaca precoce (antes dos 55 anos em homens ou 65 em mulheres) aumenta a predisposição. 

Genética: mutações hereditárias podem influenciar níveis de colesterol, pressão e funcionamento do coração. 

Ser mulher: novo fator de risco? 

Embora o infarto ainda seja associado principalmente aos homens, os números atualizados em posicionamento sobre a saúde do coração feminino – lançado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia – mostram uma realidade preocupante para as mulheres, especialmente as mais jovens. Nas últimas décadas, a mortalidade por doenças cardiovasculares aumentou entre brasileiras de 15 a 49 anos, contrariando a tendência de queda observada em outros grupos. 

Esse cenário pode estar relacionado a uma combinação de fatores: sintomas menos típicos que dificultam o diagnóstico rápido, influência do estresse e de condições de saúde mental, além de aspectos sociais e biológicos que elevam o risco.  

Para completar, muitas mulheres recebem tratamento tardio ou insuficiente, o que aumenta as complicações e reduz as chances de recuperação plena. Esse dado reforça a necessidade de ampliar a atenção à saúde do coração feminino e incentivar consultas preventivas em todas as faixas etárias. 

Como fortalecer o coração com hábitos saudáveis 

Manter o coração saudável exige uma mistura de escolhas diárias. O segredo está em somar boa alimentação, exercícios, sono adequado e controle de fatores de risco.  

Alimentação equilibrada 

Entre os alimentos para saúde do coração, destacam-se: 

  • frutas (vermelhas, cítricas, abacate); 
  • verduras e legumes ricos em fibras; 
  • grãos integrais (aveia, quinoa, arroz integral); 
  • peixes ricos em ômega-3; 
  • azeite de oliva extravirgem; 
  • oleaginosas (nozes, castanhas, amêndoas). 

Um mito comum dentro do tema saúde do coração é sobre existir uma fruta que “limpa artérias”. Na realidade, nenhum alimento tem o poder de desobstruir vasos sanguíneos já comprometidos. Mas frutas antioxidantes, como uvas, maçã e laranja, ajudam a reduzir o colesterol ruim e proteger as artérias. 

Exercícios e atividade física 

  • Praticar ao menos 30 minutos de caminhada por dia melhora a circulação e fortalece o músculo cardíaco. 
  • Atividades aeróbicas, como corrida, natação ou ciclismo, reduzem pressão arterial e colesterol. 
  • Treinos de força ajudam no controle de peso e metabolismo. 

 

> Leia também sobre como os exercícios físicos contribuem para a saúde mental. 

 

Controle de peso, pressão, colesterol e glicose 

  • Pressão arterial ideal: 12/8 mmHg. 
  • Colesterol LDL: abaixo de 100 mg/dL. 
  • Glicemia em jejum: até 99 mg/dL. 

Redução do estresse e sono de qualidade 

O estresse crônico aumenta a inflamação do organismo. Aposte em hobbies, técnicas de relaxamento, lazer e noites de sono de 7 a 9 horas.

Doenças cardiovasculares mais comuns 

As 5 doenças cardiovasculares mais frequentes são: 

  1. infarto agudo do miocárdio (IAM): bloqueio das artérias do coração; 
  2. acidente vascular cerebral (AVC): interrupção do fluxo sanguíneo no cérebro; 
  3. hipertensão arterial: pressão alta crônica; 
  4. insuficiência cardíaca: coração não consegue bombear sangue de forma eficaz; 
  5. doença arterial coronariana: placas de gordura nas artérias coronárias. 

Como acompanhar a saúde do coração 

O acompanhamento preventivo é fundamental. Mesmo pessoas sem sintomas, histórico familiar ou fatores de risco devem buscar um médico a partir dos 40 anos para avaliação inicial. 

Exames recomendados (sob orientação médica) 

  • Pressão arterial: verificada em todas as consultas. 
  • Colesterol total e frações: a cada 1 a 3 anos, dependendo do risco. 
  • Glicemia de jejum: a cada 1 a 3 anos. 
  • Eletrocardiograma (ECG): indicado pelo médico para avaliar ritmo cardíaco. 
  • Ecocardiograma: quando há sintomas ou histórico familiar. 

Com fatores de risco (hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo), o check-up deve ser anual ou até semestral. 

Sem fatores de risco, a recomendação é de avaliação a cada 2 a 3 anos, sempre sob indicação médica. 

Vida após o infarto 

Após o infarto, o primeiro passo é restaurar rapidamente o fluxo sanguíneo para evitar danos maiores ao coração. Isso geralmente é feito por meio do cateterismo, no qual um stent é inserido na artéria para desobstruí-la e permitir a circulação. Em alguns casos, podem ser utilizados medicamentos anticoagulantes, mas o stent é considerado o tratamento mais eficaz e imediato.  

Após a alta hospitalar, o paciente costuma iniciar um tratamento contínuo com medicações, como a aspirina (para evitar novos coágulos) e as estatinas (para controlar o colesterol), além de outros fármacos conforme condições associadas, como hipertensão ou diabetes. 

A recuperação exige mudanças permanentes no estilo de vida. O coração que passou por um infarto dificilmente volta ao funcionamento pleno, e, dependendo da gravidade, pode evoluir para insuficiência cardíaca, condição em que o órgão perde parte da sua capacidade de bombear sangue.  

Por isso, o paciente precisa manter acompanhamento médico regular, aderir às medicações prescritas e adotar hábitos saudáveis que já citamos por aqui. O tratamento é para a vida toda e tem como objetivo não apenas evitar novos eventos, mas também garantir qualidade de vida e maior longevidade. 

Perguntas frequentes sobre saúde do coração 

O que fazer para melhorar a saúde do coração?

Praticar exercícios, ter alimentação saudável, controlar peso, pressão e glicose, além de manter sono adequado. 

Qual é o melhor alimento para o coração?

Peixes ricos em ômega-3, frutas vermelhas e nozes são grandes aliados. 

O que é saúde cardiovascular?

É o equilíbrio do coração e dos vasos sanguíneos, garantindo circulação adequada e prevenção de doenças. 

Quais os sinais de que o coração não está bem?

Dor no peito, palpitações, falta de ar, fadiga constante e inchaços. 

Qual fruta ajuda a limpar as artérias?

Não existe fruta que “limpe” artérias, mas uvas, maçã e laranja reduzem o risco de entupimentos. 

Como cuidar do coração para não ter infarto?

Adote hábitos saudáveis, faça check-ups regulares e nunca ignore sintomas suspeitos. 

 

Conclusão 

A saúde do coração depende de escolhas diárias. Alimentação equilibrada, prática de exercícios, controle do estresse e acompanhamento médico regular são passos simples, mas capazes de salvar vidas. 

Aproveite o Setembro Vermelho para refletir sobre sua rotina e colocar a saúde cardiovascular como prioridade. 

Na Omint, reforçamos nosso compromisso em oferecer uma rede credenciada de excelência, com especialistas preparados para cuidar do coração em todas as fases da vida. 

Transtorno de estresse pós-traumático: como lidar com traumas extremos?

O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é uma condição de saúde mental que pode se desenvolver em pessoas que vivenciaram, testemunharam ou foram expostas a eventos traumáticos. Estes podem ter diferentes origens, como ameaças de morte, acidentes graves, desastres naturais, guerras, violência sexual, entre outros.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 70% da população mundial será exposta a alguma situação capaz de deixar traumas, mas apenas 5,6% desenvolverão TEPT, o que nos leva ao percentual estimado de 3,9% dos habitantes do Planeta vivendo com transtorno de estresse pós-traumático em algum momento da vida.

Esses números costumam aumentar em determinados recortes. Por exemplo, as taxas de transtorno de estresse pós-traumático são quase quatro vezes maiores (15,3%) em populações que vivem em meio a guerras ou conflitos violentos. Os números também são bastante altos entre vítimas de violência sexual.

Leia também: O que é ansiedade social?

Pela própria natureza, o transtorno de estresse pós-traumático representa um desafio significativo tanto para quem o vivencia quanto para os profissionais que acompanham esse paciente. O TEPT pode impactar profundamente a vida de uma pessoa, afetando emoções, pensamentos, relacionamentos e até mesmo sua capacidade de manter a rotina e a funcionalidade no dia a dia.

O caminho percorrido pela experiência traumática não é exatamente linear. Nem todas as pessoas que vivenciaram um evento traumático desenvolvem o TEPT. Diversos elementos podem ser cruciais para influenciar o quadro. Dentre eles, podemos destacar fatores genéticos, natureza e gravidade do trauma, resiliência individual e presença ou ausência de uma rede de apoio.

O que é e como se manifesta o TEPT?

O transtorno de estresse pós-traumático pertence à categoria dos transtornos de ansiedade. Sua principal característica é a persistência de sintomas após a exposição do indivíduo a um ou mais eventos traumáticos.

Esses sintomas são complexos e se dividem em quatro categorias principais, de acordo com diagnósticos como o do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e o Código Internacional de Doenças (CID-10). Veja a seguir.

Sintomas de intrusão: ocorrem quando o evento traumático invade a mente da pessoa de forma repetida e fora de controle. Podem vir na forma de memórias intrusivas, pensamentos assustadores, pesadelos recorrentes ou flashbacks, nos quais a pessoa sente como se revivesse o trauma, inclusive com reações físicas como suor excessivo e aumento da frequência cardíaca.

Comportamento evitativo: é quando há esforço deliberado para repelir e afastar tudo que possa trazer lembranças do trauma. Dentre os exemplos, estão evitar pessoas, lugares, ocupações, pensamentos ou conversas associadas ao evento traumático. Essas atitudes podem levar ao isolamento social e à perda de interesse em atividades que antes ofereciam sensações de prazer.

Alterações negativas na capacidade de cognição e no humor: o trauma pode distorcer a maneira como a pessoa percebe a si mesma, os outros e o mundo. Isso pode desencadear pensamentos negativos exagerados, como culpa ou vergonha persistentes, bem como a dificuldade de sentir emoções positivas. O indivíduo também pode manter-se distante ou alienado dos outros, além de apresentar dificuldade em recordar aspectos importantes do evento traumático.

Alterações no estado de alerta e reatividade: a pessoa com TEPT pode desenvolver o estado permanente de hipervigilância, como se estivesse sempre na expectativa de que algo ruim aconteça. Tal estado pode levar à dificuldade de concentração, irritabilidade, explosões de raiva, problemas de sono e reações exageradas a ruídos inesperados ou imprevistos em geral.

Leia também: Síndrome sensorial: sintomas, diagnóstico e tratamento

Mais do que incômodos, esses sintomas podem ser debilitantes e interferir de maneira significativa na vida pessoal, profissional e social. Estudo realizado em conjunto por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e da Pós-Graduação em Saúde Pública da Universidade Federal do Espírito Santo constatou que 1,6% da população da Região Metropolitana de São Paulo sofreu de TEPT no período de janeiro a dezembro de 2022.

O mesmo levantamento apontou que exatamente o dobro desse percentual – ou seja, 3,2% dos entrevistados – corresponde a pessoas que afirmaram ter sofrido estresse pós-traumático ao longo da vida. O principal motivo foi a violência.

À primeira vista, os números podem parecer baixos em relação aos índices mundiais mostrados no início do texto. No entanto, os pesquisadores alertaram para o elevado volume dos chamados casos subsindrômicos, nos quais a pessoa fica no limiar do TEPT.

Apesar de não apresentarem todos os sintomas característicos do transtorno de estresse pós-traumático, elas estão vulneráveis a desenvolvê-lo mais tarde, além de sofrerem mais risco de serem afetadas por outros transtornos.

O impacto do trauma na mente e no corpo

Para entender como lidar com traumas extremos, é fundamental compreender como o trauma afeta o sistema nervoso. O cérebro tem como função primária nos manter seguros por meio do processamento de experiências e sua transformação em memórias.

No entanto, quando uma vivência provoca algum tipo de abalo, o mesmo cérebro pode ter dificuldades em processá-la da forma adequada. A amígdala, parte do cérebro responsável por detectar ameaças, e o hipocampo, ligado à memória, são duas áreas particularmente afetadas pelo trauma.

Pesquisa científica sobre o tema, publicada na Revista Eixo, em 2021, mostra que o TEPT pode causar alterações nas estruturas dessas áreas cerebrais, além de prejuízos em funções cognitivas como a memória e a atenção.

O estado de constante alerta do sistema nervoso simpático, que é a resposta de “luta ou fuga”, leva o corpo a liberar cortisol e outros hormônios do estresse de forma crônica, o que pode trazer consequências físicas no longo prazo, contribuindo para o desenvolvimento de doenças psicossomáticas e outros problemas de saúde.

Leia também: Doenças psicossomáticas: o que são e como posso me prevenir?

O corpo e a mente estão conectados de maneira inseparável, e a maneira como o trauma mostra isso é dramática e dolorosa. As memórias do acontecimento traumático não ficam restritas à mente: o corpo também as sente, provocando reações físicas intensas. Entender essa dimensão é fator decisivo para a eficácia do tratamento.

Estratégias para lidar e superar traumas extremos

O tratamento do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é contínuo e de múltiplas etapas, que exige acompanhamento especializado. Ele deve ser estruturado de forma integrada, utilizando desde técnicas baseadas em evidências da psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental focada no trauma e a dessensibilização e o reprocessamento por meio de movimentos oculares (EMDR), até suporte farmacológico quando indicado.

A rede de apoio social também desempenha papel crucial tanto na adesão ao tratamento como na redução do isolamento. Em paralelo, estratégias de autocuidado e regulação fisiológica do sono, da atividade física e do controle do estresse complementam o plano terapêutico.

Ajuda profissional é essencial

A primeira e mais importante etapa para tratar o TEPT é buscar ajuda de um profissional de saúde mental qualificado, como psicólogo ou psiquiatra. Eles podem oferecer diagnóstico preciso e plano de tratamento personalizado. É preciso entender que não se trata de fraqueza, mas de uma decisão inteligente e essencial para favorecer a recuperação.

Psicoterapia: é a principal forma de tratamento para o TEPT. Entre as abordagens mais eficazes, destacam-se:

 terapia cognitivo-comportamental (TCC): foca em identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento disfuncionais. A terapia de processamento cognitivo (TPC), uma forma de TCC, ajuda o indivíduo a reavaliar pensamentos e crenças negativas relacionadas ao trauma, como culpa e medo;

terapia de exposição prolongada (PE): sob a orientação de um terapeuta, a pessoa confronta gradualmente as memórias e os gatilhos do trauma em um ambiente seguro e controlado. Isso ajuda a diminuir a intensidade das reações emocionais e físicas ao longo do tempo;

 dessensibilização e reprocessamento por meio de movimentos oculares (EMDR): utiliza movimentos oculares direcionados para ajudar a processar e a integrar memórias traumáticas. O EMDR tem se mostrado promissor na redução dos sintomas de TEPT;

 medicação: em alguns casos, o psiquiatra pode prescrever medicamentos, como antidepressivos (inibidores seletivos da recaptação de serotonina, ISRS) para ajudar a controlar os sintomas de estresse pós-traumático, como depressão, ansiedade e problemas de sono. A medicação é geralmente usada em conjunto com a psicoterapia para obter melhores resultados.

Desenvolvimento da resiliência e do autocuidado

Enquanto a terapia é a pedra angular do tratamento do transtorno de estresse pós-traumático, o autocuidado e o desenvolvimento de resiliência são fundamentais para fortalecer a pessoa mental e fisicamente em seu processo de cura. Para isso, é necessário tomar as seguintes ações:

 criar uma rede de apoio sólida: o isolamento é um sintoma comum do TEPT e grande obstáculo para a recuperação. Conectar-se com amigos, familiares ou grupos de apoio pode oferecer senso de segurança e pertencimento. Compartilhar a experiência em um ambiente acolhedor e sem julgamentos também pode aliviar o peso emocional;

priorizar o autocuidado físico: a saúde mental e a física estão intrinsecamente ligadas. Atividades como exercícios físicos, alimentação nutritiva e rotina de sono consistente ajudam a regular o humor e a reduzir os níveis de estresse. O yoga e a meditação, por exemplo, têm se mostrado eficazes no tratamento dos sintomas de TEPT, conforme artigo da revista BMC Complementary Medicine and Therapies publicado em 2023;

praticar o mindfulness e técnicas de relaxamento: a prática da atenção plena (mindfulness) auxilia a pessoa a se reconectar com o presente e a acalmar o sistema nervoso hipervigilante. Técnicas de respiração profunda, como a respiração diafragmática, podem ser usadas para interromper a resposta de “luta ou fuga” e trazer o corpo de volta a um estado de calma;

estabelecer limites saudáveis: após um trauma, é essencial aprender a proteger a si mesmo. Isso pode significar afastar-se de pessoas ou situações tóxicas e dizer “não” a exigências que possam trazer sobrecarga emocional. Proteger o espaço e a paz de espírito é um ato de autocuidado;

grandes vitórias começam com pequenos passos: o processo de cura não acontece da noite para o dia. Celebrar as pequenas conquistas, como sair de casa por alguns minutos, retomar um hobby ou ter uma noite de sono tranquila também são importantes para a recuperação.

A importância de quebrar o tabu e buscar ajuda

Apesar da seriedade do transtorno de estresse pós-traumático, a condição ainda é cercada por tabus e estigmas. Há quem sinta vergonha ou culpa, acreditando que a “superação” do trauma é um processo individual e solitário.

Em 2023, o Jornal da USP publicou os resultados de uma pesquisa apontando que o TEPT é subdiagnosticado, sobretudo em comunidades periféricas, onde a violência costuma ser mais presente no cotidiano.

O estresse pós-traumático não é falha de caráter, mas a resposta humana a uma experiência desumana. A busca por ajuda é sinal de força e coragem. A ciência já provou que o tratamento funciona e que a recuperação é possível.

Leia também: A importância do cuidado com a saúde mental dos colaboradores

O processo de recuperação de um trauma extremo é único para cada pessoa. É um caminho de autodescoberta que envolve a reorganização cognitiva e emocional, mesmo que as experiências traumáticas produzam alterações permanentes nos padrões de resposta ao estresse e na percepção de segurança.

Tratamentos adequados permitem elaborar mecanismos de enfrentamento mais adaptativos, maior regulação emocional e o fortalecimento das funções de resiliência psicológica. O acompanhamento terapêutico, o suporte social e o autocuidado tornam possível não apenas sobreviver ao trauma, mas também evoluir a partir dele, descobrindo novas forças e novos sentidos para a vida.

Confira, em vídeo, alguns sinais de estresse:

Alergias mais comuns: causas, sintomas e prevenção

As alergias mais comuns, como rinite, asma, dermatite atópica ou alergia alimentar, fazem parte da realidade de milhões de pessoas ao redor do mundo. No Brasil, a situação não é diferente.  

De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), cerca de 30% da população brasileira convive com algum tipo de doença alérgica. 

E o mais preocupante: esse número está crescendo, especialmente nas grandes cidades, onde fatores como poluição, mudanças nos hábitos alimentares e maior exposição a alérgenos favorecem o aumento dos casos de alergias. 

Neste artigo, vamos explicar o que são as alergias, quais são as mais comuns, como identificá-las, tratá-las e preveni-las. Boa leitura! 

O que são alergias? 

A alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância que, na maioria das vezes, é inofensiva para a maior parte das pessoas.  

Essa substância é chamada de alérgeno e pode estar presente no ar, em alimentos, medicamentos, picadas de insetos ou até mesmo no contato com a pele. 

Quando o organismo entra em contato com esse alérgeno, o sistema imunológico libera substâncias como a histamina, que causam sintomas como coceira, espirros, inchaço, vermelhidão, falta de ar ou irritações cutâneas. 

A reação alérgica, costuma ocorrer em indivíduos que têm uma predisposição genética (ou seja, uma tendência herdada de familiares) e que já tiveram contato anterior com a substância causadora da alergia (alérgeno), ficando “sensibilizadas”. 

As alergias mais comuns 

As alergias mais comuns podem se manifestar de diferentes formas e intensidades, afetando a pele, o sistema respiratório, o trato digestivo ou até o organismo como um todo. Entre os tipos mais frequentes estão: 

  • Alergia na pele. 
  • Alergia alimentar. 
  • Alergia a medicamentos. 

Para facilitar a compreensão, preparamos um infográfico que explica de forma clara os sintomas de alergia, causas e tratamentos para os diferentes tipos de alergias. Confira: 

Diagnóstico 

O diagnóstico das alergias mais comuns – ou até as mais complexas – exige atenção do profissional de saúde, já que os sintomas podem variar bastante de pessoa para pessoa e, muitas vezes, se confundem com outras condições. 

É importante que seja considerado o histórico clínico do paciente, que deve informar ao especialista a frequência das reações, o ambiente e estrutura que vive, alimentos que consome, medicações que toma e antecedentes familiares.  

Essa anamnese é fundamental para direcionar os próximos passos. 

O médico pode solicitar testes específicos para confirmar a suspeita. Os mais utilizados são os testes cutâneos (prick test), que consistem na aplicação de pequenas quantidades de alérgenos na pele do antebraço e nas costas, observando se ocorre alguma reação local. 

Outro exame importante é a dosagem de IgE específica no sangue, que mede os níveis de anticorpos relacionados a respostas alérgicas. 

Em casos de alergia alimentar ou medicamentosa, pode-se recorrer também a testes de provocação controlada, realizados em ambiente hospitalar, com monitoramento rigoroso, para observar a reação do organismo à substância suspeita. 

Já em alergias de pele, a inspeção direta das lesões, associada ao contexto em que surgem, muitas vezes é suficiente para estabelecer o diagnóstico. 

Tratamento 

O tratamento das alergias mais comuns começa com a identificação precisa dos fatores desencadeantes das crises. Para isso, o médico alergista pode solicitar diferentes exames e testes específicos — como testes cutâneos e de sangue — que ajudam a reconhecer quais alérgenos estão provocando as reações.  

Como vimos no tópico anterior, esse processo diagnóstico é considerado um dos pilares no manejo das doenças alérgicas, pois permite traçar uma conduta personalizada e mais eficaz. 

Com base nesses resultados, o tratamento pode envolver medidas combinadas, que incluem tanto o controle ambiental, que envolve mudanças simples no cotidiano, como reduzir a exposição a poeira, ácaros, mofo ou alimentos identificados como gatilhos, e uso de medicamentos voltados para o alívio dos sintomas. 

Vale reforçar que a automedicação não é recomendada. O tratamento deve ser sempre conduzido por um profissional habilitado, considerando as características individuais de cada pessoa, a gravidade da alergia e o histórico clínico. 

Prevenção 

A prevenção das alergias mais comuns começa pela observação atenta do ambiente em que a pessoa vive e trabalha, além da identificação de possíveis fatores desencadeadores dos sintomas. 

Elementos como poeira, pelos de animais, ácaros, mofo ou determinados alimentos devem ser monitorados com cuidado, especialmente se houver histórico familiar de doenças alérgicas. 

Evitar o contato frequente com os alérgenos conhecidos é, de modo geral, a maneira mais eficaz de prevenir as crises. 

Isso pode incluir medidas simples, como manter os ambientes bem ventilados, usar capas antialérgicas em travesseiros e colchões, evitar o acúmulo de objetos que retenham poeira e adotar uma alimentação mais controlada, nos casos de alergias alimentares. 

Quanto mais cedo reconhecer os gatilhos, maiores as chances de reduzir a frequência e a intensidade das reações alérgicas no dia a dia. 

Sinais de alerta 

Embora a maioria das alergias comuns cause sintomas leves ou moderados, em alguns casos elas podem provocar reações graves, como a anafilaxia, que é uma reação rápida do corpo inteiro e pode levar à morte. 

Esses são alguns sinais que você deve ficar atento: 

  • inchaço nos lábios, língua ou garganta; 
  • dificuldade para respirar ou sensação de sufocamento; 
  • queda da pressão arterial; 
  • urticária intensa pelo corpo; 
  • náuseas, vômitos ou dor abdominal logo após o contato com o alérgeno; 
  • confusão mental ou desmaio. 

Esses sintomas geralmente surgem poucos minutos após a exposição ao alérgeno. Nestes casos, o tratamento imediato com adrenalina intramuscular é fundamental para evitar complicações graves, como choque anafilático e até parada cardiorrespiratória. 

Principais dúvidas sobre alergias mais comuns: 

  1. Quais são as alergias mais comuns? 

  • Rinite alérgica 
  • Asma alérgica 
  • Dermatite atópica 
  • Urticária 
  • Alergia alimentar 
  • Alergia a medicamentos 
  • Alergia a picadas de insetos 
  1. Alergia na pele: como identificar e tratar? 

É possível identificar alergias na pele ao notar lesões avermelhas, coceira, descamação, bolhas ou inchaços. O tratamento inclui evitar o contato com o alérgeno, fazer o uso de cremes ou remédios indicados pelo médico e manter a hidratação tanto da pele quanto através da ingestão de líquidos.  

  1. Alergias alimentares: alimentos mais comuns e sinais de alerta. 

Os alimentos que mais causam alergias costumam ser leite, ovos, amendoim, soja e frutos do mar. Os sintomas podem incluir coceira na boca, inchaço, náuseas, vômitos e, em casos graves, dificuldade para respirar. 

  1. Alergia emocional existe? Como o estresse pode desencadear sintomas? 

Embora o estresse não cause alergia e o termo “alergia emocional” não exista na medicina, ele pode piorar sintomas e agravar crises alérgicas. O estresse intensifica a inflamação no corpo e pode piorar condições da pele como psoríase, dermatite atópica e algumas alergias, provocando coceira, vermelhidão e lesões. 

  1. Como saber que tipo de alergia você tem? Entenda os testes diagnósticos. 

Para compreender o tipo de alergia que você tem, é necessário que o médico especialista examine. Em alguns casos ele pode solicitar exames de sangue, testes de pele e provocação para identificar o alérgeno e orientar sobre o tratamento mais indicado. 

  1. Quando a alergia é grave? Sinais de alerta para reação anafilática. 

Ao sentir dificuldade para respirar, inchaço no rosto e garganta, queda de pressão, confusão mental ou desmaio, procure socorro médico o quanto antes. 

  1. Dicas práticas para prevenir crises alérgicas no dia a dia. 

Se possível, evite contato com poeira, mofo e pelos de animais. Mantenha os ambientes limpos a arejados, cuide da alimentação e siga as orientações do seu médico. 

Conclusão 

Conviver com alergias traz um grande incômodo para o dia a dia. Mas com informação, atenção aos sinais e acompanhamento com especialista, é possível levar uma vida com mais conforto e qualidade. 

Compartilhe esse conteúdo para que mais pessoas fiquem bem-informadas! 

Cuidar da saúde é sempre o melhor caminho. Até a próxima! 

Colesterol alto: entenda os riscos e o que fazer para manter seus níveis sob controle

O colesterol alto é um problema silencioso que afeta cerca de 40% da população brasileira de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Ele não apresenta sintomas, mas pode levar a doenças graves como infarto, AVC e até demência. Entender o que é, como ele se manifesta e principalmente como preveni-lo pode ser a chave para uma vida mais longa e saudável.

Segundo o estudo Percepções de Pacientes que Vivem com Colesterol Elevado, realizado em países como Brasil, Austrália e Estados Unidos, a maioria dos brasileiros só descobre que tem colesterol alto após apresentar sintomas de complicações graves, como infarto, tontura ou dor no peito.

Isso reforça um cenário preocupante: o diagnóstico costuma ser tardio, muitas vezes após eventos cardiovasculares já instalados. Portanto, o colesterol alto deve ser prevenido e monitorado de forma regular, mesmo na ausência de sintomas aparentes.

É nesse contexto que o dia 8 de agosto, Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol, ganha ainda mais relevância. A data convida à reflexão sobre a saúde cardiovascular e mobiliza ações de conscientização em todo o País, lembrando que cuidar dos níveis de colesterol é um passo essencial para evitar complicações sérias que, muitas vezes, poderiam ser prevenidas.

Neste artigo, você vai descobrir:

O que é colesterol?

O colesterol, gordura natural produzida pelo fígado e obtida por meio da alimentação, é essencial para funções como produção de hormônios, vitamina D e digestão de gorduras. Mas, em excesso, pode causar sérios problemas.

Tipos de colesterol

Tipo de colesterol Função Nível ideal
HDL (bom) Remove gordura das artérias Acima de 60 mg/dL
LDL (ruim) Leva gordura ao sangue e pode obstruir artérias Abaixo de 100 mg/dL (ou 70 mg/dL para grupos de risco)
VLDL Relacionado a triglicerídeos Até 30 mg/dL
Total Soma dos anteriores Abaixo de 190 mg/dL

 

Leia também sobre Hipertensão – como prevenir e controlar essa doença invisível

O que provoca o colesterol alto?

O colesterol alto pode ter origem genética, mas também está diretamente relacionado aos hábitos de vida. Confira a seguir os principais fatores.

Causas mais comuns

  • Alimentação rica em gorduras saturadas e trans
  • Consumo excessivo de ultraprocessados
  • Sedentarismo
  • Tabagismo
  • Obesidade e acúmulo de gordura abdominal
  • Diabetes ou hipotireoidismo
  • Uso de certos medicamentos (como corticoides)

Sintomas de colesterol alto: o que sentimos?

Na maioria dos casos, o colesterol alto não provoca sintomas evidentes e só pode ser detectado por meio de exames laboratoriais. No entanto, em estágios mais avançados ou em pessoas com níveis muito elevados, alguns sinais clínicos podem surgir, como fadiga frequente, dores de cabeça, palpitações, pressão arterial elevada e sensação de inchaço abdominal.

Outros sintomas possíveis:

  • xantelasma: pequenas bolsas de gordura amareladas ao redor dos olhos;
  • xantomas: acúmulo de gordura sob a pele, principalmente em cotovelos e joelhos;
  • arco senil: anel esbranquiçado ao redor da íris, em pessoas jovens.

É importante lembrar que, além dos fatores clássicos que já citamos — como má alimentação, sedentarismo, obesidade e tabagismo —, existem também formas genéticas, que podem afetar inclusive crianças e adolescentes.

Nesses casos, uma alteração nos genes leva à produção excessiva de colesterol desde cedo, exigindo diagnóstico e intervenção precoce para evitar complicações futuras. Por isso, mesmo na ausência de sintomas aparentes, o monitoramento periódico dos níveis de colesterol é essencial para uma detecção eficaz.

Quando o colesterol é considerado alto?

A avaliação é feita por meio de um exame de sangue chamado perfil lipídico. Os níveis ideais variam de acordo com idade, sexo e presença de fatores de risco (como histórico familiar ou doenças associadas).

Valores de referência para adultos saudáveis:

Tipo Valor desejável
Colesterol total Abaixo de 190 mg/dL
LDL (ruim) Abaixo de 100 mg/dL
HDL (bom) Acima de 60 mg/dL
Triglicerídeos Abaixo de 150 mg/dL

Para pessoas com diabetes, histórico familiar ou doença cardiovascular, os níveis de LDL devem ser ainda mais baixos.

Confira, em vídeo no Canal da Omint, o que é hipertensão:

Como prevenir e baixar o colesterol alto

A boa notícia é que o colesterol alto pode ser controlado e prevenido com mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, com medicamentos.

Alimentação equilibrada

  • Alimentos que ajudam a reduzir o colesterol: aveia, azeite de oliva, frutas ricas em fibras (maçã, pera), legumes, abacate, nozes, chia e peixes como salmão e sardinha.
  • Evite: carnes processadas, frituras, embutidos, manteiga, queijos amarelos, biscoitos recheados.
Alimentos “bons” Alimentos “ruins”
Abacate, chia, nozes Bacon, salsicha, margarina
Peixes ricos em ômega-3 Frituras, fast-food
Azeite de oliva Produtos industrializados

Atividade física

  • Frequência ideal: 150 minutos semanais (30 minutos por dia, 5x por semana)
  • Tipos indicados: caminhada, corrida, natação, bicicleta, musculação

Leia sobre envelhecimento saudável aqui no blog.

Estilo de vida saudável

Medicação e suplementos

  • Indicados quando dieta e exercícios não são suficientes
  • Mais comuns: estatinas, ezetimiba, fibratos, ômega-3, fitosteróis

Práticas corporais alternativas: entenda como exercitar corpo e mente

Colesterol por faixa etária: quando rastrear?

O rastreamento do colesterol deve começar na infância, especialmente em crianças com fatores de risco como obesidade, diabetes, histórico familiar de colesterol alto ou doenças cardiovasculares precoces.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o exame de perfil lipídico é recomendado entre 9 e 12 anos, antes da puberdade, mesmo em crianças aparentemente saudáveis.

Para aquelas com maior risco, a avaliação pode começar ainda mais cedo, entre 2 e 8 anos. Isso porque alterações no colesterol, quando identificadas precocemente, permitem a intervenção eficaz com mudanças no estilo de vida e, se necessário, tratamento médico, reduzindo consideravelmente as chances de complicações futuras como aterosclerose, infarto ou AVC.

Faixa etária Colesterol total desejável
Crianças (2 a 8 anos, com fatores de risco) Abaixo de 170 mg/dL
Pré-adolescentes (9–12 anos) Abaixo de 170 mg/dL
Adultos até 30 anos Abaixo de 190 mg/dL
A partir dos 40 anos Atenção redobrada: iniciar rastreio anual

A prevenção, quando iniciada desde a infância, contribui para o perfil cardiovascular mais saudável ao longo da vida.

Perguntas frequentes (FAQ) sobre colesterol alto

O que provoca o colesterol alto?

Genética, má alimentação, sedentarismo, tabagismo, doenças como diabetes ou hipotireoidismo.

Qual é o colesterol mais perigoso?

O LDL (colesterol ruim), pois se deposita nas artérias e pode causar obstruções.

Como baixar o colesterol rapidamente?

Mudança alimentar, exercícios e, se necessário, medicamentos. Consulte um médico.

Quais frutas ajudam a baixar o colesterol?

Maçã, pera, ameixa, abacate, uva (especialmente com casca).

Quais os sintomas do colesterol alto?

Geralmente não há sintomas. Sinais visuais como xantomas ou xantelasma podem surgir, mas o diagnóstico só é feito por exame.

Quando o colesterol é considerado perigoso?

LDL acima de 130 mg/dL, colesterol total acima de 190 mg/dL em adultos saudáveis e qualquer alteração em pessoas com histórico de doenças cardiovasculares.

Qual especialista avalia o colesterol e dá orientações de tratamento?

O médico mais indicado para avaliar os níveis de colesterol e orientar o tratamento é o clínico geral ou o cardiologista. Em casos específicos, endocrinologistas também podem ser envolvidos, especialmente quando há associação com doenças metabólicas, como diabetes. Esses profissionais solicitam os exames necessários, interpretam os resultados e indicam mudanças no estilo de vida ou, se necessário, o uso de medicamentos.

Conclusão

O colesterol alto pode parecer inofensivo por não causar dor ou incômodo no início. Mas é justamente por ser silencioso que ele se torna perigoso. Ao adotar hábitos saudáveis e realizar exames periódicos, é possível manter seus níveis sob controle e reduzir o risco de complicações graves.

Converse com seu médico e cuide do seu coração. A prevenção começa com a informação.

5 benefícios da caminhada para a sua saúde física e mental

A caminhada é uma das atividades físicas mais simples e acessíveis para quem deseja cuidar da saúde física e mental. Sem a necessidade de equipamentos ou acessórios caros, basta calçar um par de tênis confortáveis, vestir uma roupa leve e somar um pouco de ânimo com disposição para dar o primeiro passo.

Porém, o que poucos imaginam é que os benefícios da caminhada vão muito além da perda de peso. Esse exercício tem um impacto profundo no corpo e na mente.

Neste artigo, você vai descobrir qual o benefício da caminhada para sua saúde e receber dicas práticas para incorporá-la na sua rotina. Continue a leitura e veja como apenas alguns minutos por dia podem transformar sua qualidade de vida!

Benefícios da caminhada para a saúde física e mental

Melhora da criatividade

O estudo “Give Your Ideas Some Legs: The Positive Effect of Walking on Creative Thinking”, da Universidade de Stanford, mostrou que caminhar aumenta a criatividade.

Durante o estudo, foram realizados quatro experimentos:

  • Experimento 1: participantes caminharam por 4 minutos em uma esteira enquanto completavam testes de criatividade.
  • Experimento 2: participantes caminharam por cerca de 4 minutos em uma esteira enquanto completavam o teste de criatividade. O estudo comparou três condições (sentado–sentado, sentado–caminhada e caminhada–sentado) e mostrou que a caminhada elevou a produção criativa mesmo com curta duração, com efeitos residuais observados após sentar.
  • Experimento 3: participantes caminharam ao ar livre por cerca de 4 minutos por sessão. Alguns fizeram duas sessões consecutivas com uma pequena pausa, totalizando aproximadamente 8 minutos, o que manteve os efeitos positivos na criatividade.
  • Experimento 4: participantes tiveram 5 minutos para gerar analogias criativas enquanto caminhavam, eram empurrados em cadeiras de rodas ou estavam sentados.

Como resultado, 81% dos participantes apresentaram melhor desempenho em tarefas criativas enquanto caminhavam, em comparação ao período sentados.

A melhora foi observada tanto em esteiras quanto em caminhadas ao ar livre e o efeito criativo se prolongou mesmo após os participantes voltarem a se sentar. Ou seja, a mente continuou produtiva e criativa.

O estudo ainda mostrou que, quem caminhou produziu 50% mais ideias em comparação aqueles que estavam sentados. E vale dizer que isso não se limitou apenas a quantidade.

Os pesquisadores observaram que, além de mais produtivos, os participantes em movimento apresentaram maior densidade de ideias verdadeiramente criativas — ou seja, ideias novas, relevantes e não repetitivas.

Isso indica que caminhar estimula o cérebro a gerar mais pensamentos e melhora a qualidade do que é produzido.

Melhora as noites de sono

Você tem dificuldades para dormir bem? Então a caminhada pode ser uma aliada no combate à insônia e na melhora da qualidade do sono.

O estudo “Walk to a Better Night of Sleep: Testing the Relationship Between Physical Activity and Sleep“, publicado na revista Sleep Health, mostrou que pessoas fisicamente ativas têm mais facilidade para dormir, menos episódios de insônia e melhor qualidade do sono.

A pesquisa também indica que fazer caminhada ajuda a regular o ritmo circadiano (o relógio biológico do corpo), facilitando a produção natural de melatonina, produzida naturalmente pelo corpo e conhecida como “o hormônio do sono”.

Alívio dos sintomas de depressão e ansiedade

Caminhar traz benefícios para além do sono e na melhoria da criatividade: é uma grande aliada para quem busca aliviar sintomas de estresse, depressão e ansiedade.

Entre os benefícios da caminhada para ansiedade, está o aumento na liberação de neurotransmissores como endorfina, dopamina e serotonina, que promovem sensação de bem-estar.

Além disso, o simples ato de se movimentar – seja ao ar livre, na academia ou até mesmo dentro de casa – e, especialmente, o contato com a luz solar podem ajudar a regular o humor e combater o isolamento. Esses fatores são fundamentais para manter o equilíbrio emocional.

Um estudo publicado no Journal of Psychiatric Research mostrou que adultos que caminham regularmente apresentam níveis mais baixos de sintomas de depressão e ansiedade.

A prática se mostra eficaz tanto para pessoas com diagnóstico quanto para aquelas sem histórico clínico, sugerindo seu potencial como estratégia preventiva e terapêutica.

Importante: caminhar não substitui tratamentos médicos ou acompanhamento com psicólogo, mas pode ser um excelente aliado complementar à saúde mental.

Redução do risco de doenças cardiovasculares

Uma das vantagens mais conhecidos da atividade, incluindo os benefícios da caminhada para idosos, é a proteção do coração. E não é à toa!

De acordo com a American Heart Association, caminhadas regulares de 30 minutos por dia, cinco vezes por semana, reduzem significativamente o risco de doenças cardíacas. Isso acontece porque o hábito contribui para:

  • Prevenir a hipertensão.
  • Controlar os níveis de colesterol LDL (o “ruim”).
  • Aumentar o colesterol HDL (o “bom”).
  • Melhorar a circulação sanguínea.

Além disso, caminhar ajuda a controlar o açúcar no sangue, o que também reduz os riscos de desenvolver diabetes tipo 2, outro fator de risco para doenças cardíacas.

Regulação do apetite

Os benefícios da caminhada para o corpo são diversos e incluem a regulação do apetite. Isso ocorre porque, realizar caminhada moderada pode gerar déficit calórico temporário sem provocar aumento compensatório da fome.

Ou seja, mesmo gastando energia, muitas pessoas não sentem mais vontade de comer imediatamente depois da atividade. Esse efeito é conhecido como supressão do apetite induzida pelos exercícios físicos.

Além disso, há evidências de que o exercício regular pode modificar a forma como o corpo responde à ingestão de alimentos, aumentando a sensação de saciedade após as refeições. No entanto, essas respostas podem variar de pessoa para pessoa, pois consideram fatores como composição corporal, sexo e nível habitual de atividade física.

O estudo “Physical Exercise and Appetite Regulation: New Insights“, publicado pela revista científica Biomolecules, observou que após uma caminhada intensa, os níveis do hormônio grelina, responsável por regular o apetite e o metabolismo, tende a diminuir, enquanto os níveis de hormônios intestinais (PYY, GLP-1 e PP), que induzem a saciedade, aumentam.

Ainda, conforme consta, os hormônios como leptina e insulina, responsáveis por regular o estado nutricional do corpo, também respondem ao exercício.

Como incorporar a caminhada na rotina?

Agora que você sabe quais os benefícios da caminhada, precisa colocá-los em prática. E a boa notícia é que você não precisa mudar completamente sua rotina para isso. A seguir, confira dicas simples para começar a caminhar de forma consistente:

  1. Escolha um horário que funcione para você

Pode ser logo cedo, na hora do almoço ou no final do dia, compreender como funciona a sua rotina e o que melhor se adequa a ela é fundamental na hora de criar um hábito, como a caminhada.

  1. Comece com metas realistas

Sair caminhando por 1h como forma de compensar o tempo que você não se exercitou, não é a melhor alternativa para manter a constância da caminhada. Por isso, comece com 10 ou 15 minutos por dia e aumente o tempo e a intensidade gradativamente.

  1. Aproveite deslocamentos do dia a dia

Vai ao mercado ou precisa resolver algo perto de casa? Vá a pé. Sempre que possível, troque o carro ou o transporte público por alguns minutos de caminhada.

  1. Deixe a caminhada mais prazerosa

Ouça a sua playlist de músicas favorita, podcast ou faça a caminhada como um momento de auto conexão. Isso transforma o exercício em um tempo de qualidade com você mesmo.

  1. Convide alguém para caminhar com você

Caminhar em dupla ou grupo é ótimo para manter o hábito e ainda fortalece os laços. Pode ser um amigo, familiar ou até seu pet.

  1. Use apps ou relógios para se motivar

Aplicativos de saúde ou relógios inteligentes ajudam a monitorar os passos e manter o foco. Estabelecer metas diárias, como 6 a 10 mil passos, pode ser uma motivação a mais.

  1. O dia está corrido? Crie alternativas!

Nem sempre dá para sair de casa e está tudo bem! Por isso, tente caminhar dentro do prédio, no quintal, na garagem ou até no corredor de casa. O importante é manter o movimento.

Conclusão

Caminhar é simples, gratuito e oferece uma lista extensa de vantagens. Agora que você conhece os principais benefícios da caminhada, que tal incluir essa prática na sua rotina e colher todos esses resultados positivos? Compartilhe esse conteúdo!

 

Referências:

  1. AAALAB STANFORD. Give your ideas some legs: the positive effect of walking on creative thinking. 2014. Disponível em: https://aaalab.stanford.edu/assets/papers/2014/Give_your_ideas_some_legs.pdf.
  2. ALENIUS, K.; KANTOLA, I.; KAIPIAINEN, T. et al. Walk to a better night of sleep: testing the relationship between physical activity and sleep. Sleep Health, v. 6, n. 3, p. 248–255, 2020. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC6801055/.
  3. AMERICAN HEART ASSOCIATION. Why is walking the most popular form of exercise? Disponível em: https://www.heart.org/en/healthy-living/fitness/walking/why-is-walking-the-most-popular-form-of-exercise.
  4. MORAES, H. et al. Walking for mental health: a systematic review of how walking in different environments impacts mood and anxiety. Frontiers in Psychology, [S. l.], v. 14, 2023. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10452291/.